Capital de giro e sobrevivência aziendal

O patrimônio é como se fosse um organismo, todo dinâmico, que possui um fluxo circulatório, cuja velocidade constante transmite solvência, resultados positivos e equilíbrio para o ente aziendal.Portanto, a velocidade de renovação dos elementos da massa circulante é uma condição essencial para que exista a sobrevivência da célula social.Muito interessa à contabilidade, estudar a vitalidade do capital das empresas, estado que só é produzido pela dinâmica dos meios patrimoniais, onde podemos destacar o fenômeno designado pela agilidade de renovação dos elementos circulantes, que chamamos de giro. A relação que existe entre a vitalidade de uma célula social e a capacidade de renovação dos seus elementos circulantes é tão grande que se pode definir a sobrevivência e prosperidade da célula social pela eficácia do seu capital de giro.A ciência contábil pode através de método e tecnologia, perquirir a qualidade do capital de giro, definindo modelos de comportamento e orientação para as decisões dos gestores, de forma que este fenômeno circulatório dinâmico, possa transmitir a vitalidade e prosperidade para o organismo patrimonial aziendal.

1-Azienda e celula social

A biologia ciência que estuda a vida prega que um organismo é formado por células tal como comprovara Spencer (1820 – 1903), e tal concepção pode ser assumida nas ciências sociais, que pregam que o organismo econômico também é formado por células, que chamamos de Aziendas.As aziendas são organizações aonde o homem mantém a sua atividade para a satisfação de suas necessidades, elas são constituídas por diversos elementos e também podem ser chamadas de empreendimentos ou células sociais.

A existência de uma sociedade se comprova pelo conjunto de diversas aziendas, instituição da qual o ser humano não pode prescindir, pois, uma azienda não só satisfaz as necessidades humanas como também, lhe garante: bem-estar, evolução e progresso. Nunca existirá ser humano sem célula social e nunca existirá célula social sem o ser humano, tal é a concepção de um dos grandes nomes da Contabilidade; Fabio Besta (Apud-Frederico Herrmann Júnior 1972, p. 60 e 62):

Nenhuma pessoa pode viver e aperfeiçoar-se, nenhuma sociedade pode tender ao fim que explica a sua razão de ser, sem que se processe uma série mais ou menos grande de fenômenos… sem que criem, modifiquem e extingam relações de natureza variadíssima… entre os componentes da união, ou entre esses e o sodalício… Não há azienda sem bens exteriores, sem riquezas… Não há azienda em que não haja manifestação de atividade humana.

Condição fundamental, portanto, para evolução humana é a existência de aziendas prósperas. Contudo, dentro de cada azienda existe uma riqueza que é responsável pelo número de fenômenos a quem Besta, anteriormente havia referido. A riqueza que existe dentro das aziendas é o verdadeiro objeto da contabilidade.

Como a azienda é a condição fundamental para a evolução de uma economia, ou nação, por ser esta, a parcela de uma sociedade, como poderíamos então, promover a sua existência e evolução? qual seria o caminho de estudos que poderiam ser traçados pela nossa gnose para o alcance da vitalidade aziendal? Inequivocadamente seria as observações sobre os aspectos dinâmicos da riqueza contida nesta mesma partícula da sociedade.

Condição essencial para a sobrevivência aziendal é o produto dos fenômenos da riqueza, principalmente aqueles que condizem, com o processo circulatório e dinâmico dos bens, que chamamos capital de giro, a quem daremos considerações especiais neste artigo.

2-O capital de funcionamento

Quando o sistema feudalista dava espaço ao capitalista, o uso da riqueza passou a ter finalidades especificas e este foi o tema de estudos de diversos pensadores de vários ramos do saber, como Viana (1978), que dizia que o sistema feudal era por demais estático e não suficiente para a cinemática produzida pelo mundo, com o crescimento da prática comercial, financeira, industrial e patrimonial, que haveria de ser saliente com o passar dos tempos.

Na França em meados do século XIX, o cientista Coffy (1840) pregava sobre o capital de funcionamento das aziendas (ou das enterprises, como era e é a significação de azienda na língua francesa), de maneira interessante e sublime (Apud – Pfaltzgraf 1956), já ressaltando as suas partes e as suas modificações que teriam várias causas.

Quase na mesma época, Karl Marx (1818-1883), um dos grandes pensadores da sociologia, pregava também sobre o capital, embora tenha feito isto, de maneira diferente, de forma critica e contrária ao pensamento econômico da época, que era o capitalista (sistema econômico que este autor era totalmente contra), embora, nunca em suas abordagens, este autor prescindiu sobre o estado de “funcionamento” do capital, ou seja, o seu devir que provocava transformações constantes, chegando, inclusive a dividir a sua rotação em três fases: capital monetário, produtivo e mercantil.

Nesta época marcada por um ritmo intelectivo, os conceitos em torno da riqueza lucrativa ou capital estavam se formando quer na Academia de ciências da França (aonde Coffy era membro convicto e titular), e em faculdades importantes da Itália, Espanha, Alemanha, e outros países da Europa (no século XIX poucas eram as faculdades no Brasil que tratavam sobre o capital ou a riqueza lucrativa, no início do século XX a escola de comercio Álvares penteado e a associação Cristã dos moços, ambas de São Paulo, seriam ícones pioneiros, para o advento das letras contábeis, de cunho superior em nosso país).

A riqueza, ou agregado de bens organizados, com um escopo comum, em face de utilização e constante transformação, chama-se capital de funcionamento e entende-se por capital toda a riqueza com intuito de acréscimo, isto é, com o fito lucrativo. Tal concepção é utilizada em larga forma nas aziendas lucrativas, ou seja, nas empresas (existe uma diferença básica entre o capital e patrimônio, pois, este conceito é mais utilizado nas aziendas idealísticas, embora, o conceito de capital e patrimônio quase sempre seja utilizado em um sentido comum).

Como o capital está em plena atividade funcional e presta constante utilidade para a satisfação das necessidades especificas e humanas, entende-se que ele está em funcionamento, por isto, a expressão “capital de funcionamento”.O capital de funcionamento como montante, como conjunto de bens, como complexo de riquezas, possui a vontade ou aspiração de gerar resultados para a azienda de maneira que ela sobreviva e alcance a prosperidade.

Para que o capital de funcionamento se desenvolva e gere vitalidade, a célula social depende de diversos fatores, alguns ambientais, outros dinâmicos, e entre os estes aspectos, estão aqueles relacionados com a circulação e renovação dos elementos. Lembre-se que o patrimônio é como se fosse um organismo humano, e como este possui uma circulação – tão bem pregada e explanada por Wiliam Harvey (1578 – 1657) na medicina – a riqueza como “corpo administrativo” possui também tal faculdade e condição de funcionamento.

A eficácia do capital de funcionamento em muito depende do “fluxo” giratório dos seus elementos circulantes, em absoluta harmonia, de forma a garantir a satisfação das necessidades que conseqüentemente transmitirá a sobrevivência da célula social e sua perquirida prosperidade.

3-A estrutura do capital de funcionamento

O capital de funcionamento possui uma estrutura, que se divide em grupos específicos com características próprias, de modo que todos os grupos com suas peculiaridades devem se concatenar em absoluta harmonia com o escopo de eficácia e prosperidade aziendal.

O cientista Vincenzo Masi (Apud-Sá 1999), nos primeiros decênios do século XX, dizia que o capital investido na azienda, formaria a substância da mesma, e que esta, por sua vez, seria originada dos financiamentos da contra-substancia do capital. A estrutura do capital de funcionamento proposta por Masi o pai do patrimonialismo, é a seguinte:

Substância
Contra-substância
Capital Circulante
Capital Fixo
Capital de Crédito ou de Terceiros
Capital Próprio

Nas origens do capital, temos as parcelas provenientes de terceiros, que financiaram recursos para diversos elementos da substância, temos também a origem genuína do capital, que aquele provindo dos recursos dos proprietários ou donos do empreendimento, chamada de capital próprio. Ambos recursos são chamados de financiamentos.

Nas aplicações do capital temos o capital fixo, cuja função é servir à célula social por vários períodos, pois, está imobilizado, temos também o capital circulante cuja tendência comportamental é dinâmica, de renovação sucessiva, por diversas vezes no período. Ambos recursos são os investimentos realizados no patrimônio.

Tanto o capital fixo como o capital próprio possuem o objetivo de servir à azienda por vários períodos, tendo, pois, que promover a movimentação da parte do capital que circula rapidamente, ou seja , o capital de terceiros e o capital circulante.

Ou seja, o imobilizado apesar de ter a natureza fixa e lenta quanto à dinâmica, tem a função de promover o capital circulante, permitindo assim o seu perfeito fluxo de circulação do capital. Como também o capital próprio que tem a função lenta na azienda deve por sua vez promover o seu capital de terceiros para o perfeito funcionamento do capital.

Os recursos investidos no capital que formam a substância devem possuir influências dos componentes entre si (o capital fixo e circulante), assim como, os financiamentos do capital que formam a contra-substância devem também possuir esta influência mútua entre as suas partes componentes (Capital próprio e capital de terceiros).

As partes fixas do capital, isto é: as partes que possuem lentidão de movimento (o capital fixo e capital próprio), devem, auxiliar as partes circulantes (o capital circulante e o capital de terceiros), para firmar assim uma “sustentação”.

Portanto, as partes de giro lento ou moroso devem promover, as partes de giro rápido, e esta partes quando bem sustentadas estabelecem uma agilidade, cuja eficácia transmite equilíbrio na estrutura do capital de funcionamento, promovendo assim, sobrevivência, progresso e prosperidade aziendal.

4-A massa circulante

A massa circulante é a parte do capital cuja natureza é a de renovar-se sucessivamente, com absoluta freqüência no período. Tal grupo se constitui, do capital circulante (Ativo circulante) e capital de crédito (Passivo circulante). Considera-se também massa circulante, aquela que se renova a curto prazo, ou seja, em um período inferior ao anual. Seria então: o ativo disponível e realizável a curto prazo e o passivo exigível a curto prazo.

Todo o capital possui um movimento e uma velocidade, sendo que, esta velocidade é sujeita a diversas condicionantes. Por exemplo, a condicionante que interage com o imobilizado é a de permanência na azienda e nunca poderá ser igual à condicionante do elemento caixa. O caixa e o imobilizado possuem, naturezas e finalidades diferentes, de acordo com a espécie aziendal.

O pensador Francesco Villa (1840), pai da contabilidade italiana, em sua obra “La contabilità applicata alle administrazione Private e Pubbliche”, ao classificar o capital, optou pelo aspecto financeiro, isto é, privilegiando em primeiro lugar os elementos da massa circulante em face dos fixos tal como explicou Sá (2005).

Portanto, o estudo da massa circulante, motivou estudos diversos, como também conceituações diversas e pouco discrepantes. Para Sá (2005, p. 121 e 124), em seus discursos sobre a fundamentação da contabilidade geral, a natureza dos grupos da massa circulante, isto é, do capital circulante e capital de crédito seria:

Por natureza, o circulante, como grupo do capital, é o que tende a transformar-se em dinheiro ou já é dinheiro em curto prazo (pelo menos dentro de um exercício). Disponíveis e realizáveis, portanto, formam o capital circulante… O capital de terceiros é aquele cedido à azienda por fornecedores, credores diversos, bancos etc., e tanto pode ser a curto como a longo prazo…

Outros autores diversos também assumem a mesma definição de capital circulante.Temos, portanto, também as concepções de Viana (1971, p. 124):

Os meios financeiros são investidos em bens que, juntamente com os bens fixos, formam o substrato material da produção, distinguindo se aqueles destes, pela maneira com que concorrem ao processo produtivo: os bens fixos servem a vários processos e os bens circulantes são consumidos em um só ato de produção… A função de cada um destes elementos, dentro da empresa, é diversa – os bens circulantes são consumidos dentro da própria empresa e constituem um elemento formador do custo de produção…

Hilário Franco (1973, p. 162), também abordou a temática das partes circulantes:

“… Essas expressões indicam a parte do patrimônio que sofre constante movimentação nas empresas, tais como as disponibilidades e os valores realizáveis, distinguindo-se entre estes os créditos, os estoques e os investimentos. São excluídos, portanto, os capitais permanentes (ativo fixo ou imobilizado) e o ativo pendente, que compreende valores aleatórios e diferidos.”

Enfim, entende-se por massa circulante a parte do capital de funcionamento, cuja natureza é a de renovar-se mais rapidamente que os outros grupos, em um período de curto prazo no processo de atividade do organismo aziendal.

5-O capital de giro

Entende-se por capital de giro, o fenômeno patrimonial, que expressa a capacidade e durabilidade do processo de renovação dos elementos componentes da massa circulante (embora esta massa não seja a exclusiva no processo de giro, pois, tudo se movimenta no patrimônio). Também é chamado de Giro de Valores ou rotação do capital.

O giro é, pois, um fenômeno circulatório, integrante da dinâmica patrimonial, cuja eficácia transmite equilíbrio e prosperidade à célula social. De acordo, com Sá (1999), giro é um conjunto de circulação, ou seja, o giro representa a constante de um processo de circulação do capital em funcionamento.

Uma circulação é a transformação de um elemento patrimonial em outro elemento, por exemplo, o estoque ao ser vendido a vista, produzirá uma transformação, a do estoque em caixa, quando a circulação é continua e termina no próprio elemento que a criou, teremos um giro. Vejamos, então, um exemplo pertinente do giro de caixa:

caixa (em situação inicial) Þ estoques Þ Fenômenos de Vendas a prazo Þ créditos a receber Þ fenômenos de recebimento dos créditos Þ caixa = Primeira renovação do elemento ou primeiro Giro = G1

Ou seja, o processo circulatório ou o tempo, em que a primeira situação do caixa se renova novamente, chama-se giro de valores ou capital de giro. Quando o capital de giro é realmente ágil a sua tendência é a de gerar uma boa liquidez, uma boa resultabilidade, trazendo assim, equilíbrio ao capital de funcionamento e fazendo com que a célula social tenha vitalidade e eficácia constante.

As pesquisas empreendidas em torno do capital de giro e sua influencia no patrimônio, levaram Sá (1965) a dizer que uma das condições de equilíbrio da riqueza seria este próprio fenômeno circulatório (o capital de giro), ou seja, para o empreendimento sobreviver ele deve ter equilíbrio e para o alcance deste estado é necessário que o capital tenha uma velocidade de renovação pertinente ao tipo de atividade aziendal.

O capital de giro também transmite a característica de independência circulatória, ou seja, os elementos do ativo circulante quando ágeis no processo de renovação serão mantidos pelas dividas. Neste ponto de vista, Sá (2004) emitiu o seguinte teorema: “Quanto maior é a velocidade do capital circulante e tanto menor é a necessidade de capital próprio.”

Isto é, quando o capital de giro possui velocidade, a tendência é ser mantido pelo capital de terceiros sem prejuízo da proporção das origens dos capitais, não afetando assim, o equilíbrio da riqueza. É o caso das aziendas bancárias que mantém o seu capital de giro pelo capital de terceiros, sem o onerar a estrutura patrimonial de equilíbrio.

Em empresas que possuem um produto pouco volátil, ou seja, um produto que não possui tanto uso comum, como uma joalheria, por exemplo, o capital de giro será lento gerando assim uma necessidade do capital circulante ser mantido pelo capital próprio.

Quanto mais lento for o capital de giro mais ele dependerá do capital de seus proprietários, pois, ele não será sustentado pelo capital de terceiros.

6 – A análise do capital de giro

Como o capital de giro, é um fenômeno da dinâmica, representante da constante circulatória, cuja eficácia transmite equilíbrio, independência de recursos e vitalidade à célula social, ele deverá ser explicado com coerência de maneira a se propor sugestões para a decisão dos gestores do capital.

Portanto, existe uma maneira de explicar os fenômenos de giro de maneira a comprovar a sua eficácia, ou propor a mesma, pela analise contábil.

A analise contábil é, pois, uma tecnologia da contabilidade, cuja finalidade é explicar os fenômenos patrimoniais, por meio de “razões” de proporcionalidades diferentes dos componentes do capital de funcionamento, para averiguar e promover o seu pertinente efeito, que produz a eficácia na célula social.

Os fenômenos que norteam o giro, devem ser analisados, considerando os seus aspectos próprios e específicos, relativos a cada tipo de empreendimento.

A formula proposta por Sá (1973), que modifiquei apenas as siglas é a seguinte:

(SIEP+VAEP)-SFEP
SIEP+SFEP = Qvg
2

A velocidade do giro (Qvg) é obtida, pela soma de uma situação estática inicial de uma elemento patrimonial(SIEP), acrescida dos fenômenos que promovem aumento de proporção(VAEP) ,menos a situação estática final do elemento patrimonial(SFEP), dividida pela média das duas situações estáticas.

Portanto, como o capital de giro possui uma velocidade, ele deverá, possuir também, um tempo especifico, que será calculado pela seguinte formula:

T = Tg
Qvg

O tempo estudado(T), que é de escolha seletiva do analista (pode ser 360 dias, 6 meses, mensal semanal, etc), dividido pelo quociente de velocidade do giro (Qvg), concederá o tempo do giro (Tg), ou o prazo de renovação do elemento patrimonial especifico.

É preciso saber utilizar a formula com o raciocínio correto, ou seja, apropriando devidamente os valores nas suas siglas, também é preciso ter no mínimo duas situações patrimoniais, como também os valores dos fenômenos específicos que provocam aumento na primeira situação do elemento patrimonial (balanços patrimoniais de anos diferentes e uma demonstração do resultado do exercício é suficiente para esta análise, mas quanto mais anos forem estudados em comparação, melhor paras as conclusões de eficácia do capital de giro).

Como a massa circulante é o conjunto de capital circulante e capital de terceiros, os elementos principais para a analise do capital serão: o caixa, os créditos, estoques e dividas. Na tabela 1 mostrarei como se apropria os valores da formula de maneira a se aplicar a analise de capital de giro em qualquer tipo de elemento da massa circulante:

Tabela 1:

Massa circulante
Capital Circulante
Elementos
Situação Inicial
SIEP
Variação do elemento
VAEP
Situação Final
SFEP
Caixa
Valor do caixa em um período
Receitas e entradas a vista
Valor do caixa em um período posterior
Créditos
Valor do crédito em um período
Vendas e entradas a prazo
Valor do crédito em um período posterior
Estoques
Valor dos estoques em um período
Compras de Mercadorias
Valor dos estoques em um período posterior
Capital de Crédito
Dividas
Situação das dividas em um período
Dividas contraídas no período
Valor das dividas em um período posterior

Desta forma o leitor poderá analisar o giro do capital em qualquer tipo de elemento da massa circulante, lembrando, que os resultados dos quocientes não devem ser passados aos gestores da riqueza, de maneira “fria”, ou seja, os resultados dos quocientes de velocidade e tempo do giro deverão ser explicados com coerência e relatividade, abrangendo as situações especificas que envolvem uma azienda.

Sabe-se que o giro é um fenômeno peculiar e depende de diversos fatores, como: o tipo de produto, atividade patrimonial, mercado, objetivo aziendal, etc. Tais fatores exigem que os resultados dos quocientes, de velocidade e tempo do giro, sejam tratados de uma maneira especial. Contudo, a eficácia do giro, de uma forma geral, se expressa da seguinte maneira (Veja Tabela 2):

A velocidade do capital de giro (Qvg)
Capital Circulante
Quanto maior o quociente melhor para o empreendimento
Capital de Crédito
Quanto menor o quociente melhor para o empreendimento.
Correlação entre a velocidade do giro do capital circulante e do capital de crédito
A velocidade do giro do capital circulante deverá ser maior que a do capital de terceiros

Quanto mais ágil for o capital circulante melhor para a azienda, pois, ela terá menos tempo para produzir liquidez, resultabilidade e equilíbrio para o empreendimento, em contrapartida a velocidade de renovação do capital de crédito (ou de terceiros), deverá ser maior que a do capital circulante, para que se tenha mais tempo na liquidação das dividas.

Em outras palavras, a velocidade de renovação dos elementos positivos da massa circulante (os estoques, créditos e caixa) deverá ser maior do que a velocidade de renovação dos elementos negativos da massa circulante (dividas), para que o tempo que se gere dinheiro seja inferior ao tempo que se exige o numerário para o pagamento das exigibilidades.

O capital de giro, quanto mais ágil for, menos tempo levará para se renovar e a recíproca também é verdadeira, ou seja, quanto menos tempo o elemento leva para se renovar maior será a sua velocidade.

7-Capital de giro e sobrevivência aziendal

A riqueza contida na célula social possui um movimento que ocorre de forma sistemática, por isto, dissemos que a célula social possui um conjunto de sistemas que funcionam, de forma simultânea, hereditária, autônoma e interdependente.

Cada sistema para que possua eficácia, depende em muito, da vitalidade circulatória de seus elementos componentes.Portanto, a influencia que o capital de giro, possue, com relação à eficácia dos sistemas de funções do patrimônio é de certa forma; inseparável e inequívoca.

Os sistemas básicos do capital de funcionamento são os descritos adiante:

Liquidez = sistema que promove a capacidade de pagamento da azienda
Resultabilidade = Sistema que promove geração de resultados positivos para o empreendimento.
Estabilidade = Sistema que promove o equilíbrio do patrimônio
Economicidade = Sistema que promove a vitalidade e sobrevivência do ente patrimonial.
O capital de giro possui, insofismavelmente, influencias nestes sistemas básicos do capital (o de liquidez, resultabilidade, estabilidade e economicidade), sem os quais a célula social não consegue existir (Para existir a azienda precisa, basicamente, pagar os seus compromissos em dia, gerar resultados positivos e ter equilíbrio na estrutura, do contraria ela perde a vitalidade e acaba se extinguindo).

O primeiro sistema que o capital de giro possui influencias é o de liquidez, inclusive, foi por este motivo que Sá (1965), aludir existir uma liquidez dinâmica do capital de funcionamento, tal liquidez seria aquela real, que possui total relação com os processos circulatórios e o capital de giro.

Se o capital circulante for ágil ele terá maior capacidade de gerar dinheiro em menos tempo que as exigências de pagamento. O resultado da eficácia do capital de giro é uma boa solvência da riqueza, definindo assim, a eficácia do movimento de liquidez.

Do mesmo modo que o capital de giro possui influencia na liquidez, ele produz influencias no sistema de resultabilidade. Quanto mais rápido for o giro dos estoques e dos créditos, maior será a receita, relativa às vendas e aos juros, então maior será a capacidade lucrativa do capital de funcionamento.Mais vale para uma empresa vender 100 peças a 10 reais do que vender 50 peças a 15 reais. Portanto, quanto maior a velocidade de circulação, melhor será a receita provinda desta mesma circulação (se venderá mais e se lucrará mais).

O capital de giro, quando eficaz, também provocará equilíbrio do capital, ou seja, a velocidade com que a riqueza opera ou com que os elementos da massa circulante se renovam transmitira equilíbrio na proporção, transferindo estabilidade para o capital.

Quando existe na azienda investimentos (aplicações de recursos) ou financiamentos (origens de recursos), esdrúxulos, ela não terá agilidade do capital, e a eficácia do giro, por certas vezes (em empreendimentos realmente “doentes”) será uma quimera. Quando esta quimera vira realidade a empresa terá um equilíbrio estrutural e será realmente prospera.

A eficácia do giro trará conseqüências positivas para a liquidez, resultabilidade e estabilidade, definindo assim a solvência, lucratividade e equilíbrio do capital, trazendo conseqüentemente sobrevivência para o ente aziendal.

E quando os sistemas de liquidez, resultabilidade e economicidade, são eficazes a economicidade do capital também será eficaz, e a célula social que chamamos de azienda irá sobreviver e progredir gerando rendas, crescimento econômico e benefícios sociais, principalmente ao seu sujeito criador: o ser humano.

8-Conclusão

O capital de giro é um fenômeno da dinâmica patrimonial, representante do conjunto de circulações, que geram transformações importantes e contundentes para a eficácia da riqueza em funcionamento, que conseqüentemente trará vitalidade para a célula social ou sujeito aziendal.

Como fenômeno do patrimônio, o objeto de estudos da contabilidade, o giro, deverá ser explicado, pela tecnologia da analise, que buscará as razões integrantes desse mesmo fenômeno, sem menosprezar as condições peculiares relativas ao tipo de empreendimento, sempre com o intuito de averiguar a eficácia do seu funcionamento, no constante devir aziendal.

Cabe a nós contadores, produzir as orientações sobre este importante fenômenos circulatórios, ressaltando as suas propriedades, influencias e peculiaridades, pois, a eficácia do capital de giro transmitirá solvência, lucratividade, equilíbrio e vitalidade ao capital de funcionamento, trazendo também assim, prosperidade à célula social que trará influencias positivas para a sociedade aonde está inserida, como também para o homem, a razão de sua existência.

Bibliografia

FRANCO, Hilário. Contabilidade Geral. 6ª edição. São Paulo: Editora Atlas. 1961.
_____. Estrutura, análise e interpretação de balanço. 12. Ed. São Paulo: Atlas. 1973.
HERCKERT, Werno. Circulação da riqueza. Revista Mineira de Contabilidade, Belo Horizonte, MG, nº 04, 3. trim. CRCMG, 2001.
JÚNIOR Frederico Herrmann. Análise de Balanço para a Administração Financeira. 10º edição, São Paulo, Ed. Atlas. 1975
_____.Contabilidade Superior. 9º edição, São Paulo. Ed. Atlas 1972
_____. Analise Econômica e Financeira do Capital das Empresas. 7ª edição. São Paulo: Ed. Atlas. 1968.
KRAEMER, Maria Elizabeth Pereira. A formação do Contabilidade na Perspectiva do desenvolvimento sustentável. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa.com.br em 25/08/05.

PFALTZGRAFF, Rogério. Aspectos Científicos da Contabilidade. 3ª edição.Rio de Janeiro: Livraria Tupã. 1956.
ROCHA, Luiz Fernando Coelho. Noções sobre a doutrina cientifica do Neopatrimonialismo. Revista Mineira de contabilidade, Belo Horizonte, MG, nº 15, 3º trimestre. CRCMG, 2004.
SÁ, Antonio Lopes de. Analise de Balanços ao Alcance de Todos. 3ª ed. São Paulo: Ed. Atlas. 1962.
_____. Teoria do Capital das Empresas. Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas. 1965.
_____. Curso Superior de Análise de Balanços. 3ª ed. Volume I e II. São Paulo: Ed. Atlas. 1973.
_____. Introdução à Analise dos Balanços. Rio de Janeiro: Ed. Tecnoprint.1981.
_____.Formulas Importantes para Analisar Balanços: Bases-Interpretações-Comentários. Rio de Janeiro: Ed. Tecnoprint. 1982.
_____. Como Administrar pequenos Negócios. Rio de Janeiro: Ed. Tecnoprint. 1984.
_____. Historia Geral e das Doutrinas da Contabilidade. São Paulo: Ed. Atlas. 1997.
_____. Teoria da Contabilidade. São Paulo: Ed. Atlas. 1999.
_____. Célula Social e Contabilidade. Pesquisa realizada no site http//www. lopesdesa.com.br em 27/08/04.
_____. Analise de Balanços e Modelos científicos em Contabilidade. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa. com. br em 21/10/04
_____. Modelos Contábeis e Gestão da capacidade lucrativa. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa. Com. br em 21/10/04.
_____. Analise Cientifica no equilíbrio do Capital e Modelos Contábeis Qualitativos. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa. Com. br em 18/02/2005.
_____. Doutrinas, Escolas e novas razões de entendimento na ciência contábil. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa. Com. br em 15/08/05.
_____. Falsa Liquidez Financeira. Pesquisa realizada no site http// www. lopesdesa. Com. br em 15/09/05.
_____. Moderna Analise de Balanços ao Alcance de todos. Curitiba: Ed. Juruá. 2005.
_____. Fundamentos da Contabilidade Geral. 2ª ed. Curitiba: Ed. Juruá. 2005.
SILVA, Rodrigo Antonio Chaves da. Analise do giro do capital circulante na dinâmica patrimonial. Revista Mineira de Contabilidade, Belo Horizonte, MG, nº 18, 2º trimestre, CRCMG, 2005.
VIANA, Cibilis da Rocha. Teoria Geral da Contabilidade. 5º edição, Volume I. Porto Alegre: Livraria Sulina Editora. 1971
______. A Dinâmica do Desenvolvimento Econômico. 2ª edição. Rio de Janeiro: Ed. Paz e Terra. 1978.

Cita esta página

Chaves da Silva Rodrigo Antonio. (2007, enero 14). Capital de giro e sobrevivência aziendal. Recuperado de https://www.gestiopolis.com/capital-de-giro-e-sobrevivencia-aziendal/
Chaves da Silva Rodrigo Antonio. "Capital de giro e sobrevivência aziendal". gestiopolis. 14 enero 2007. Web. <https://www.gestiopolis.com/capital-de-giro-e-sobrevivencia-aziendal/>.
Chaves da Silva Rodrigo Antonio. "Capital de giro e sobrevivência aziendal". gestiopolis. enero 14, 2007. Consultado el . https://www.gestiopolis.com/capital-de-giro-e-sobrevivencia-aziendal/.
Chaves da Silva Rodrigo Antonio. Capital de giro e sobrevivência aziendal [en línea]. <https://www.gestiopolis.com/capital-de-giro-e-sobrevivencia-aziendal/> [Citado el ].
Copiar

Escrito por:

Imagen del encabezado cortesía de rdenubila en Flickr