“… A ciência em si é ciência do conhecimento, ou do objeto a dar-lhe, seja qual for.” Platão (428 – 348 a.C.) A república – Livro IV.
“… A representação de um corpo na intuição não contém absolutamente nada que propriamente possa pertencer a um objeto em si, mas somente o fenômeno (a manifestação) de alguma coisa e a maneira de como nos afeta.”
Emmanuel Kant (1724 – 1804)
Critica da razão pura – segunda seção
“Um dos pontos mais discutidos entre os doutrinadores da Contabilidade é a determinação do seu objeto…”
Hilário Franco (1950, p. 19)
“ Sem a previa e exata observação dos fenômenos, sem o estudo dos fatos… nenhum saber é possível.”
S. Maturi( Apud – Masi 1969, p. 21).
Resumo
Toda ciência na ótica filosófica estuda fenômenos e fatos que ocorrem em um objeto específico, contido, num universo gigantesco e determinado, cuja explicação só é possível por meio da razão mental. As ciências surgiram como segmentos de uma filosofia, principalmente para estudar os acontecimentos, e traze-los à tona, por meio de descrições que somente devem ser entendidas pelo intelecto puro, porém, nem sempre pela experiência. A sensibilidade auxilia e é um caminho normal para o conhecimento, todavia, sem dúvida, é a razão que orienta os estudos. Portanto, as representações em si apenas esclarecem aquilo que o conhecimento irá descrever, explicar, fomentar e nortear. Na contabilidade acontece o mesmo, pois, ela estuda os fenômenos representados nas informações. Contudo, tamanha confusão existe no tratamento do objeto contábil, que muitos o designam como sinônimo de sua representação formal, atitude esta provinda de uma razão impura, que se lastreia na experiência informativa para manter uma vã filosofia, muito aquém dos ditames superiores, sendo igual ao conhecimento sensível, absolutamente trivial nos convívios humanos.
1. O mundo das ciências
A concepção intelectual que procura por meio da reflexão apurada e entendimento crítico, conhecer o mundo, tal como, aquilo que contém, utilizando adequado caminho para pesquisas que fitam um objeto próprio, é denominada científica. A ciência faz o seu mundo e se distancia infinitamente daquele consideravelmente vulgar, devido ao ângulo de observação e descoberta dos fatos.
Porém, as ciências do tempo hodierno, provieram suntuosamente de um conhecimento geral chamado filosofia, cujo prolegômenos, esteve na figura de Tales de Mileto (640-548 a.C.), que estudou a botânica, biologia, física e genética, amalgamadas em uma só forma gnosiológica, que privilegiava o raciocínio superior sobre as insuficientes explicações mitológicas produzidas por Homero e Hesíodo (ambos mestre viveram entre IX e VIII a. C) – autores, cujas obras não deixam de ser importantes para a literatura.
Mas é preciso ressaltar que “toda arte e toda investigação, bem como toda a ação e toda escolha, visam um bem qualquer; e por isso foi dito, não sem razão, que o bem é aquilo a que as coisas tendem. Mas entre os fins observa-se uma certa diversidade: alguns são atividades, outros são produtos distintos das atividades das quais resultam; e onde há fins distintos das ações , tais fins são, por natureza, mais excelentes do que as últimas”1, portanto, toda ciência como toda arte, se diferencia da outra pela sua finalidade específica. Além disso, a ciência não se confunde com a técnica (ou atividade, arte, ação)- apesar de nortear a mesma-, e nem pode se igualar com o conhecimento vulgar ou comum.
O conhecimento vulgar é aquele que não permite melhoramento, crítica e perfeição; ele é simplesmente “o que é, e acabou” – como se diz em linguajar comum -, ou seja, “as coisas são como são” como dizia ironicamente Hawking (1994). Tal conhecimento é dogmático e se atém na superficialidade dos fatos, pois, não explica a sua essência.
Suponho um exemplo de fenômenos da natureza como o raio e o trovão; o indivíduo que apenas “vê” tais acontecimentos pela aparência, designa de “faísca” o facho de luz, e “barulho” o estrondo; porém, no conhecimento superior e científico não é assim: a “faísca” chama-se raio e o “estrondo” denomina-se trovão, portanto, este fenômeno (o trovão) é causado por uma repressão do ar aquecido pela dinâmica da luz da descarga elétrica (raio), por isso, ocorre um estrondo. E desta maneira a ciência explica as coisas sensíveis, materiais e até imateriais, buscando as suas causas, os seus efeitos, ou até o entendimento mais plausível sobre determinado assunto, exigindo com importância, o uso da razão, norteadora e dominadora das faculdades humanas.
Resumindo: a ciência se difere de outras ciências, e se distancia do conhecimento sensível ou comum das coisas materiais e imateriais existentes. A razão, o pensamento, a reflexão, o entendimento, a crítica, fazem parte do conhecimento superior, agora, a prática exclusiva e singular é componente principal da ideologia vulgar.
Na contabilidade acontece da mesma maneira, pois, todas as suas partes contribuem para que ela seja uma ciência e não uma prática, técnica ou processo.
Ela possui um objeto próprio (o fenômeno patrimonial), que é estudado através de um caminho (método indutivo, axiomático, experimental, lógico, analítico), por meio de representações (informações e demonstrações), num aspecto peculiar (comportamental, fenomenológico, e ideal nos ditames da sanidade ou eficácia), em prol de um fim (eficácia e prosperidade). Portanto, a contabilidade é uma ciência como as demais superiores que expurga o trivial singular, para as ações do seu pensamento.
E, isto já foi mais do que dito, em tese apresentada no V congresso Brasileiro de Contabilidade, no qual, Hilário Franco (1950, p. 79), defendia a cientificidade da contabilidade, concluindo a sua obra nos seguintes termos:
1) A contabilidade é uma ciência que possui objeto próprio, leis científicas e método peculiar de estudo…
2)O objeto da Contabilidade é o patrimônio aziendal considerado estática e dinamicamente…
3) Se algum doutrinador coerente e conhecedor dos princípios filosóficos e lógicos quiser negar à Contabilidade o direito de ser incluída entre as ciências terá, obrigatoriamente, que negar o mesmo direito a todas as ciências sociais.
O mundo das ciências é um todo próprio, e quem for adentrar nele não pode nunca permitir que se veja as coisas como são, pela maneira que não são. Neste mundo tudo é diferente, e todas as ciências estão nele, cada uma, no seu espaço, interferindo no tempo e na realidade social e objetiva dos seres humanos.
2. A ciência superior e o estudo os fenômenos
A ciência moderna tem como pai o italiano Galileu Galilei (1564-1642), que procurava organizar conhecimentos em torno de um objeto, por meio de um método. Portanto, Galilei conseguia enxergar as coisas por trás das aparências. Ele estudava o fenômeno. O mestre assim dizia (Apud – Paes 1968, p. 101): “dou graças infindas a Deus, que houve por bem fazer-me o primeiro observador de coisas maravilhosas”, porque, em sua pesquisa e empenho científico, conseguia desvendar novos planetas, estrelas, satélites naturais, como também comprovar que a terra se movia em torno do sol- confirmando o sistema heliocêntrico-, além de construir leis para a mecânica física que são literalmente estudadas até os dias de hoje.
A ciência nada mais é que uma sabedoria como dizia Moitinho (1965), que procura verdades indeléveis e eternas, buscando explicar as causas e os efeitos dos fenômenos diversos que ocorrem no espaço-tempo de maneira a garantir um pouco de alívio a ânsia cognitiva do ser humano que não se cansa em indagar “o porquê” das coisas. Para se ter ciência, contudo, é necessário: lógica e organização.
Porém, para a ciência ser superior – porque pode existir ciência falsa e Platão (427 – 347 a.C.) já admitia isto – deve-se deixar guiar pela razão, ou seja, pelo raciocínio espiritual humano, próprio do racionalismo cartesiano, que almeja interpretar e explicar as relações das coisas e fenômenos. Assim dizia Bachelard (1996, p. 14) que “Os ensinamentos da realidade só são válidos na medida em que sugerem indagações racionais”, e complementa (p. 16) “A atividade científica realiza, em todo o sentido da palavra, conjuntos racionais”. É a razão que fundamenta a ciência, e, somente por ela, pode-se entrar no seu mundo.
O gênio da física, Blaise Pascal (1623 – 1662), em um dos seus artigos sobre o vácuo, dizia que a maior força era aquela provinda da razão, e somente esta poderia fomentar as ações; dizia assim o mestre: “Não pretendo, destruir-lhes a autoridade para afirmar o valor único do raciocínio, mesmo que se pretenda impor essa autoridade em detrimento da razão”2, pois, é esta, no dizer e escrito do mestre, que seria a fonte para as idéias científicas, ou seja, aquelas que denotam a natureza superior.
Porém, é preciso ressaltar que não existe conhecimento superior que deixe de estudar objetos. Aristóteles (384 – 322 a.C.) já abordava as finalidades diversas das ciências; Platão (427 – 347) já aludia a natureza da cada um dos conhecimentos como sendo diferentes de acordo com os objetos e técnicas, da mesma maneira que “numa cidade assim encontraremos um sapateiro que é sapateiro, e não piloto, além da arte de modelar calçado, e um lavrador, lavrador e não juiz, além da agricultura, e um guerreiro, guerreiro, e não comerciante, além da arte militar”3 ; uma disciplina não se confunde com as outras, porque, além da cooperação possui um objeto e método próprio. Existe ciência para tudo desde que haja razão organizada que abstraia determinado objeto de um todo.
Para compreender melhor o que é ciência autônoma e superior, basta dar um exemplo mais claro: os grandes pensadores do século XVII tratavam de várias questões, e uma delas estava em torno da arte musical, ou seja, o estudo dos sons é algo autônomo ou pertencente a musica? Então isolaram o fenômeno sonoro, criando a acústica, como ciência autônoma dos sons; isto, graças ao talento de Marin Mersenne (1588-1648).
Também Kuhn (2001) nos conta que no século XVII da era cristã quando se estudava o fenômeno elétrico – inquiridos primeiramente por Gray (1666 – 1736), e depois melhor estudados por Benjamin Franklin (1706 – 1790)- surgiu uma dúvida entre a condução e refração, ou seja, porque um bastão de vidro coberto por borracha é repelido novamente? Então se questionava com dúvida, se este fenômeno pertencia aos estudos da mecânica ou elétrica na física; ou se daí surgiria um outro ramo do conhecimento.
Foi assim que surgiu a física nuclear no início do século XX: após as descobertas dos raios x, da mecânica quântica de Planck (1858 – 1947), e da relatividade de Einstein (1879 – 1955), novos passos foram dados na estrada dos estudos em torno dos átomos, surgindo um ramo da física específica para esta investigação e pesquisa, ainda mais com a descoberta do elétron proposta por Thompson (1856- 1940) ganhador do premio Nobel em 1906. E este ramo do conhecimento existe até hoje.
Mas, é preciso ressaltar que não existe ciência alguma que deixe de estudar fenômenos, como dizia Kant (1724 – 1804): “ainda que os fenômenos não sejam, coisa em si e sejam, não obstante, a única coisa que possamos ter conhecimento, devo, todavia, mostrar a ligação que convém no tempo à diversidade dos fenômenos mesmos, ainda quanto a representação desta diversidade seja sempre sucessiva na apreensão.”4 Portanto, a única coisa que se pode tomar conhecimento são os fenômenos, sendo que inexiste ciência ou sabedoria que não os tenha por objeto.
Ciência superior é composta de objeto específico e razão sujeita à apoteose, que difere de outros objetos e ciências, ou ainda, de outras maneiras de se obter conhecimento, inclusive, aquele singelo conseguido pela prática e não pela experiência racional produzida por acúmulo no espírito humano, que pensa divinamente e difere dos outros animais, e nem se compara a eles como bem comprovou Descartes (1596–1650), na quinta parte de seu “Discurso do Método”.
3. A contabilidade como ciência superior e social
Desde o ano de 1834 o tratamento superior dado à contabilidade foi dos maiores (embora, muitos indivíduos importantes conseguiam “andar para trás” no caminho da verdadeira ciência contábil); a obra de Coffy (Apud – D`auria 1954) a sua lei sobre as causas e efeitos da variação e transmutação do capital (Apud – Pfaltzgraff 1956), a sua tese que aludia sobre a cientificidade contábil (Apud – Carvalho 1973), dizendo que esta pertencia às “econômicas”, nos dão mostras do nível de raciocínio humano que penetrou na parte pura da contabilidade.
Antes, porém, os esforços de Crippa (1838), D`Anastácio (1803), Courcelle-Seneuil(1813 – 1892), e diversos outros, já abordavam sobre a qualidade superior da ciência contábil, pois, diziam que ela era complexa, com teorias, leias e axiomas; requisitos importantes de acordo com o “esboço-padrão” que tanto Patrick Suppes(Apud- Morgenbesser 1972), professor de filosofia da universidade de Stanford, abordou quando tratava sobre os aspectos da teoria científica.
Porém, pelos extravios e roldões que pairavam na mente de diversos, a contabilidade não era uma ciência, mas, uma subordinação da administração, economia, direito, matemática, e diversas outras disciplinas. Porém, ás vezes, tais mentalidades foram importantes para se buscar a verdade contábil.
Contudo, deve-se a Masi (1893- 1977) a conquista que concedia à contabilidade aquilo já antes denotado pela história na sua parte pura: o fato de ser estudante dos fenômenos patrimoniais que se revelavam nas informações. Então o professor de Bolonha (1968) dizia que somente a contabilidade como ciência poderia estudar os investimentos, financiamentos, custos, receitas e réditos, disciplinando-lhes o adequado comportamento para apresentar os estados de eficácia.
Também em Portugal Jaime Amorim (Apud – Marques 1992, p. 290) dizia que “A CONTABILIDADE cientificamente ensinada tem um valor altamente pedagógico, porque desenvolve não só o poder de raciocinar e de analisar os fenômenos patrimoniais, mas, também a imaginação criadora necessária para a concepção de planos logismológicos e a capacidade para dirigir os organismos econômicos em geral” (o maiúsculo é do autor). Portanto, é em analisar os fenômenos, prever ações em orçamentos e estudos de tendência, definir posições em auditoria e perícia, criticar planos ou sistemas de informações, que a contabilidade encontra a sua ciência e qualitativa natureza social.
Se a contabilidade tem como campo de estudo a célula social, então a sua natureza também é social. Ou seja, a disciplina estudante do fenômeno patrimonial se guia pela realidade da sociedade, por objetos reais, mesmo contidos em uma concepção espacial semiexplicável por talentos humanos.
Diversos pensadores como Bacon, Hume, Thomson, Comte e outros – alguns destes parafraseados por Sá (1953, cap. 2)- dividiam geralmente as ciências em sociais e abstratas; e dentre as primeiras classificações (aquelas atinentes à natureza social da ciência), não citavam ainda, aquela disciplina que cuidava da riqueza particular das aziendas, empreendimentos ou células sociais – visto que ainda, na época destes filósofos, a contabilidade era entendida apenas como informação, ou escrituração, apesar do processo e teoria da informação abranger quaisquer disciplinas.
Deve-se destacar que a contabilidade é uma ciência superior, que se deixa guiar pela razão, que explica os fatos e fenômenos da riqueza a disposição das aziendas, de maneira a propor ideais comportamentos, de modo a não se confundir com as suas técnicas informativas, se portando como deve no ramo das ciências sociais que auxiliam objetivamente o homem seu agente criador.
4. Estudos atômicos do fenômeno patrimonial, suas leis e relações
Entendo por “estudos atômicos” na contabilidade, aqueles que tratam dos seus fenômenos específicos, concomitamente com as razões de sua existência, ou seja, porque ele existe, o que ele provoca, qual é o seu efeito, como se forma, sua natureza, sua dimensão clássica e interativa, como que a sua substância no espaço-tempo patrimonial.
Se a física comum ou geral estuda a matéria, com suas características e movimentos, e o átomo mesmo não sendo atômico, é a menor parte que a matéria apresenta para estudo, e nesta inquirição surge a terminologia “estudos atômicos na física”, o mesmo pode-se conceber na contabilidade: a matéria contábil é o patrimônio; já o seu “átomo” é o fenômeno patrimonial – não porque é uma partícula, mas, sim por ser a específica substância do patrimônio, que o faz mover e ter estados determinados – que possui relações suscetíveis às proposições e experiências diversas de nossa pesquisa.
O fenômeno patrimonial constitui ser a matéria atômica do patrimônio, aquilo que revela com obstinação e suscetibilidade a indagação impreterível da razão contábil em detrimento do empirismo, que provoca muitas vezes, definhamento e antiprosperidade nas riquezas das células aziendais.
Toda ciência almeja estudar as razões de seu objeto, ou seja, investigar e explicar o que ele é, quando surge, qual composição, quanto é, o que origina e produz; isto é, porque este fenômeno tem tal comportamento, pois, é a disciplina e a correção que nos interessa, em toda a fenomenologia patrimonial.
O pai da sociologia moderna, criador da religião positivista, o filósofo Augusto Comte (1798 -1857) explicava que “a revolução fundamental que caracteriza o estado viril de nossa inteligência consiste em substituir por toda a parte a inacessível determinação das causas propriamente ditas, pela simples pesquisa das leis, isto, é das relações constantes, que existem entre os fenômenos observados”5(o negrito é meu). Ou seja, é necessário postergar o que é falso, para se basear naquilo que é sumamente fato, produzindo regras cognitivas de seus estados condicionais, ou seja, as leis científicas que determinam as relações dos fenômenos.
Um conhecimento superior não pode, portanto, se basear na quimera, verbalismo e pedantismo, ele se baseia em leis, ou seja, teorias, teoremas, axiomas e outras regras conceituais. Este é o verdadeiro conhecimento presente nas ciências superiores e na contabilidade.
A contabilidade possui leis diversas sobre os estados fenomenológicos que se apresentam nas riquezas aziendais. Muitas vezes o empresário sabe os valores e os resultados que apresenta o seu empreendimento, porém, não sabe dizer quais são as leis que explicam as causas e os efeitos do acontecido. A cultura superior que alcança esta explicação. O contador possui o talento superior “diga-se mesmo o gênio. Ele inventa” como dizia Coffy (Apud – Carvalho 1973, p. 26) o primeiro cientista da contabilidade patrimonial superior.
O professor D`auria (1956, p. 20), quando tratava sobre a teoria patrimonial da contabilidade, com bastante autoridade e originalidade, abordava sobre os aspectos científicos, ressaltando inúmeras leis na contabilidade, denominando-as com nomes diversos, como: leis físicas, sociológicas, de afinidade, de adaptação, de gradação, de finalidade. Era pelas leis da ciência contábil que o mestre explicava o mesmo conhecimento.
Uma das leis científicas que Franco (1973, p. 89) assumia por escrito na sua tese apresentada há mais de meio século, em congresso brasileiro de contabilidade, reproduzida pelo mesmo autor em sua obra sobre análise e interpretação de balanços é a seguinte:
a) Há uma proporção necessária e definida entre os capitais próprios e os de terceiros.
b) Há uma proporção necessária e definida entre os vários grupos que compreendem a aplicação dos capitais
Se há, pois, uma proporção definida entre os investimentos e financiamentos do capital, pode-se dizer que os quocientes de participação da estrutura quando apresentam certos resultados, muitas vezes prolixos ou deficientes, revelam estados perigosos; e diversas observações, então, deverão ser feitas com absoluta cautela sobre esta luz norteadora.A análise do equilíbrio deve-se lastrear sob estas leis para padronizar explicações.
Outra lei analítica –e não sintética- que fundamenta os estudos dos estados do equilíbrio é aquela proposta pela “Teoria das Proporções dos Componentes na Promoção do Equilíbrio do Capital de Funcionamento e as Tendências Contemporâneas da Pesquisa Científica na Contabilidade” conhecida por “Teoria do Equilíbrio” exposta por Sá, em 1965, na Universidade do Brasil (p. 110):
São causas fundamentais da promoção do equilíbrio: o giro dos valores e o processo da formação do rédito.
Isto que dizer que quando o giro do capital é rápido e a lucratividade satisfatória, então o patrimônio está equilibrado, mesmo quando parece não apresentar tal situação pelas informações (por quantidade de proporção). O giro veloz e um rédito adequado são sintomas do bom equilíbrio da riqueza patrimonial.
O ganhador do prêmio “Píer Crescenzi” (tal prêmio refere-se a Pietro di Crescenzi que foi um intelectual que viveu de 1233 a 1320 conforme as explicações que tive com Sá em comunicação virtual), o insigne professor de Bolonha, o doutor Vincenzo Masi (1893 – 1977), também abordava sobre diversas leis: algumas sobre o acantoamento e aguamento do capital, imobilizações financeiras, insolvabilidade e diversas outras. Porém, uma delas sobre a reserva oculta é a
seguinte (Apud – Sá 1953, p. 39):
É também uma verdade eterna e geral esta: que sub-avaliando-se o ativo ou super-avaliando-se o passivo de um capital a disposição de uma empresa em face do funcionamento, ou operando-se contemporaneamente de um e de outro modo se formam reservas ocultas.
Toda vez então que existir uma sub-avaliação do ativo acontece reservas ocultas, e toda ocasião que houver uma super-avaliação do passivo também; seja as tais ao mesmo tempo, seja de quaisquer modos. Tal lei regulamenta as condições de surgimento das reservas ocultas. O conhecimento da causa das reservas ocultas, como o seu posterior efeito (de valores que surgem na riqueza), é um ótimo lastro para a auditoria.
Portanto, as frases anteriores dos mestres, são leis que regem as relações dos fenômenos que formam o principal objeto da cultura superior do contador, que não só produz dados, mas, os explica pelo critério lógico, como pela razão das máximas (que devem ser julgadas à luz dos quocientes e investigações).
Também se pode ressaltar o axioma da preservação das células sociais proposto por Wilson Zappa Hoog (2005), que consistem em dizer que a eficácia e continuidade do capital, depende da invulnerabilidade concernente aos sistemas básicos do complexo patrimonial. Sobre este axioma centenas de escritos podem ser feitos.
Posso com o auxílio de outros mestres transmitir um axioma ou nova lei na contabilidade, Lavoisier (1743-1794), o pai da química moderna dizia que na natureza nada se cria e nada se perde tudo se transforma criando o axioma “conservação da matéria”. Assumindo uma metodologia e terminologia clássica e contábil posso dizer também que:
Na existência e funcionamento eficaz de um patrimônio aziendal, considerando as interações entre o ambiente e a essência fenomenológica, nada se cria e nada se perde na riqueza patrimonial tudo se transforma.
Ou seja, quando o patrimônio existe e possui um fluxo normal de eficácia, com uma interação correta entre o ambiente e a essência fenomenológica, nada se perde no patrimônio e nada se cria tudo se transforma e a riqueza se conserva em continuidade. Este se chamará o axioma da “conservação do patrimônio aziendal”.
Todos os acontecimentos do patrimônio se transformam, em interações com as procedências ambientais. Por exemplo, o dinheiro, se transforma em estoque, este em vendas, estas em lucros e este em acréscimos de numerários, e assim por diante, considerando todas os espécimes de empreendimentos e todas as condições diversas que podem existir no espaço-tempo da riqueza aziendal.
Mesmo quando acontece variação na riqueza, o que ocorre é uma transformação, ou seja, o lucro se transforma em meio para invulnerabilidade do capital na prevenção do risco, em meio de elasticidade, em meio de produtividade, e assim por diante. Por isso afirmo existir uma relatividade interdependente muito maior que a autonomia qualitativa dos fenômenos sistemáticos. Ou seja, existe um rédito da invulnerabilidade, elasticidade, produtividade e assim por diante.
Pode-se considerar que tal axioma, apenas funciona só na condição normal do empreendimento, o que não é verdade, até na perda da substância existe uma transformação, ou seja, o prejuízo como resultado da não absorção do custo pelas vendas se transforma em efeito no investimento (apesar da lei 6404/76 obrigar o registro no “Patrimônio Líquido”).
Às vezes quando acontece uma perda pode-se subjugá-la como fracasso, ou desperdício, contudo, tal perda da substância mesmo sendo prejuízo é uma transformação. A transformação patrimonial sempre ocorrerá enquanto o patrimônio existir. Por isso afirmo que “nada se perde”, não porque inexista prejuízo, mas, porque, todos os fenômenos da riqueza são transformações, sejam permutas, variações, ou mistura destas duas ocorrências. E é preciso ressaltar a condição “eficaz” da riqueza.
Portanto, posso interpretar não literalmente a “perda” (porque perdas existem no patrimônio) na lei científica, tal como uma descapitalização do patrimônio, prejuízo, antielasticidade, e regresso substancial; devo entende-la aqui, como uma transformação, considerando que a eficácia existe no funcionamento, que inclui o sistema de aproveitamento (produtividade).
Considerando ainda, que a “perda” não condiz com os fenômenos negativos do patrimônio – como o antigiro, antielasticidade, descapitalização, prejuízo, superinvestimento, risco – mas, com a transformação que acontece no mesmo; porque, até em definhamento existe transformação. Na existência patrimonial existirá sempre transformação.
Outras leis que poderiam citar são as do Neopatrimonialismo de Sá (1992) sobre a dinâmica, velocidade, transformação, correlação, funcional, aumento não-eficaz e diversas outras, reproduzidas por Rocha (2004), Tatiane Santos (2005) e diversos outros pensadores e pensadoras. Porém, se assim o fizesse ultrapassaria os ditames deste artigo.
Além das leis diversas, o fenômeno patrimonial possui relações importantes para os estudos sublimes e profundos da contabilidade, é o neopatrimonialismo que proclama as tais. São elas:
- Essenciais= relativas à natureza do acontecimento. Necessidade, finalidade, meio e função são as suas partes.
- Dimensionais= que descrevem e explicam a origem, produto, qualidade, quantidade, lugar e momento do acontecimento.
- Ambientas= que revelam os lugares onde procedem os fenômenos ; podem ser endógenas( homem, administração ) por estarem contidos no ambiente aziendal e exógenas por influenciarem os entornos da azienda( mercado, concorrência, economia, etc).
Estas três relações clássicas fomentam o raciocínio da contabilidade patrimonialista, pois, apresentam uma nova maneira de estudar o fenômeno patrimonial, apesar de serem clássicas. Estas relações que fazem parte dos estudos atômicos da contabilidade juntamente com as leis que garantem as condições do comportamento da fenomenologia patrimonial. As leis são regrascientificas do fenômeno que é entendido, também, pelas suas relações.
Portanto, concluindo: ciência superior é aquela que fita o seu objeto, observando-o, formulando leis para o seu funcionamento, obedecendo estas mesmas leis, e estudando as suas relações que explicam a natureza, dimensão e ambiente. Ciência superior se compõe de leis e relações submetidas e processadas na razão espiritual do ser humano. E a contabilidade possui todos estes requisitos.
5. O “objeto” da contabilidade
Apesar de todas as bases epistemológicas – comprovadas já antes, por Coffy, D`auria, Masi, Franco, Sá e diversos outros – que atribuem à contabilidade o múnus de ciência do patrimônio aziendal, ou do seu “átomo”: o fenômeno patrimonial – existe uma outra definição que a designa como “Ciência da informação”. Tal conceito merece ser averiguado a risca pela filosofia, pois, isto nos dá no mínimo cinco conclusões em nossa mente:
- Que a Contabilidade produz informação;
- Que a ciência Contábil é relevação;
- Que a finalidade da Contabilidade é informar;
- Que a tarefa da Contabilidade é estudar a medida contabilística;
- Que o objeto da Contabilidade é a informação.
Analisarei uma por uma, pois, se a contabilidade é uma ciência da informação, então, ela tem esta por objeto (na terminologia, o objeto direto é claro, gramaticalmente). Apesar dos critérios de quem emitiu ou emite tal conceituação, de maneira clara pode-se entender que isto modifica tudo aquilo que citei até o momento, como tudo aquilo que nestes meus vinte e poucos anos de vida, senão em meia década de estudo, conheço sobre tal conhecimento.
É obvio que a contabilidade produz a informação, e por doutrina já existiram conceituações que pregavam a contabilidade como ciência de contas, orçamentos e balanços; inclusive alguns ilustres autores nacionais defenderam tal posição, como Tolstoi Klein (1954); este insigne autor dizia que a contabilidade é uma ciência de contas, porém, a fundo ele expressava uma outra natureza desta mesma disciplina.
Pela história, na Índia, china, Brasil, oriente médio, América do Sul há mais de 5000 anos atrás já se produzia a informação contábil; claro que em uma linguagem hoje, de difícil entendimento , porém, com traços similares aos atuais. A escrita contábil é pré-histórica e primogênita, surgindo antes da comum.
A relevação também faz parte da Contabilidade; ora relevar é tornar evidente, salientar. O próprio Jaime Amorim (1992, p. 376 e 377) fora criticado certa vez, por ter utilizado o termo “relevação”, pois, quem o criticou disse que utilizaria um termo novo na contabilidade, então, de maneira rigorosa e irônica, o mestre português assim escreveu:
A mais do que uma pessoa tem causado bastante espécie o termo relevação por mim empregado no livro de que sou autor e que se denomina “Elementos de Contabilidade”… Parece que se lhes puseram os cabelos em pé e que ficaram profundamente perturbadas como se se tratasse de simples meninas histéricas, a quem as mais ligeiras comoções acarretam a perda imediata dos seus estonteados sentidos. Suponho, porém, que a essas pessoas não valeria a pena o ter dado uma prova tam flagrante da sua ridícula fraqueza por via de um conceito tam simples e tam acessível… Com efeito, pelo que respeita ao pretenso termo novo- relevação- considerando em si mesmo, posso garantir a quem quer que seja, sem receio de ser desmentido, que ele é muito velho…
A relevação na contabilidade, portanto, sempre existiu como gênero da medida dimensional patrimonial ou qualidade informativa dos diversos e diferentes fenômenos patrimoniais. Não é coisa nova mais arcaica na contabilidade a prática de revelar, é muito antiga e velha, como disse anteriormente o mestre português.
Outro interesse desta concepção (a de “ciência da informação”) é dizer que a contabilidade possui o fim de informar, ou seja, ela busca produzir balanços, fazer uma escrituração bem feita, orçamentos, demonstrativos, e diversas outras informações. Sua finalidade é informar. E não se deve abrir mão desta “sublime” prática.
Então escalonando tal lógica, o que a contabilidade estuda é a medida matemática e escrita do patrimônio, tal como se diz que ela “analisa a informação”, os balanços, como diversos dizem; é a informação x,y,z e outras cifras que estudamos, então certo é fazer do contador um “gestor da informação” um autêntico guarda-livros que é.
Finalmente a contabilidade tem como finalidade produzir e estudar o seu objeto: a informação. A televisão que acabei de assistir é um objeto da contabilidade porque informa; o jornal também; acredito que até a informação bíblica também o seja, porque severamente foi produzida por um contador; São Mateus o nosso padroeiro era contador – e assim segue este raciocínio tal como apresenta ser.
Ainda aqueles que defendem tal concepção, dizem que ela está absolutamente correta com alguns resquícios de corruptela, porque tal “ciência” sempre informou, porém, eles justificam tal fato dizendo que existe uma grande diferença entre “objeto e objetivo”. Ora se a contabilidade é a ciência da informação, o seu objeto não pode ser o patrimônio, porque se transforma na relevação. A contabilidade não pode ter como objeto o patrimônio e objetivo algo diverso deste objeto. Numa visão ontológica da ciência isto inexiste. O próprio Platão dizia: “ jamais o mesmo sujeito poderá sofrer, ser ou realizar efeitos contrários na mesma de suas partes” e confirmava “o mesmo sujeito, na mesma parte e relativamente no mesmo objeto, não pode produzir ao mesmo tempo resultados contrários”6. Ora se o sujeito “Contabilidade” tem por objeto o patrimônio, como poderia ser uma “ciência da informação” tendo como alvo a informação? Isto é algo contrário ao sujeito, ou então existe uma outra disciplina que desconheço.
Acaso poderia dizer que a física não é a ciência da matéria, e que a química é a ciência do microscópio ou do laboratório? Se dissessem que a física e química, fossem ciências da informação, não duvido que Newton (1642-1727) e Lavoisier (1743-1794) estariam se remexendo no túmulo para o direito de resposta.
Tal concepção de “ciência da informação” não me engana, mas, ludibria a muitos que dizem que o patrimônio não é o estofo científico da contabilidade*, pelo simples fato desta disciplina possuir o aspecto de relevação, que constitui ser, uma parte de todo aquele vasto conhecimento existente desde os primórdios dos tempos, junto com o ser humano.
6. Descaracterização como ciência e perda da identidade
Quando se pensa que a contabilidade é uma “ciência da informação” estou descaracterizando tal disciplina como ciência para transforma-la em uma técnica. A prática da informação seria predominante, porque, nesta visão a contabilidade nunca poderia ser sabedoria, pois, não influenciaria a razão mental, mas, a atitude manual do contador.
Mas antes – como procurei explicar no subtítulo anterior, sobre tal “neologismo moderno” – é preciso averiguar qual é o fundamento desta concepção; qual é a intenção de ter sido admitida, quais provas desta ideologia, porque ela existe, em qual gênero pertence e em que condições ela acontece, pois, somente assim não iríamos cair numa dificuldade.
O fundamento desta idéia como disse foi doutrinal; existia primeiramente no contismo de Degranges, Manzoni, Barrême e muitos outros, que viam na minúscula informação, o objeto da contabilidade – apesar de terem contribuído relevantemente para a sua estrutura teórica.
Também no século XX, com a economia aziendal de Gomberg, Checherelli, Zappa e Onida a concepção de contabilidade como ciência da informação tinha algum valor- mesmo que esdrúxulo- porque tal disciplina era apenas uma relevação como dizia Aloe (1973, p. 20):
Assim, desde essa época, a Contabilidade vem sendo observada não como uma ciência autônoma, capaz de ser estudada sob todos os aspectos, mas tão somente como uma parte complementar de uma disciplina mais ampla, qual seja a Economia aziendal ou Economia da Azienda, que se compõe justamente das doutrinas da Organização, da Administração ou Gestão (ou Técnica Econômica) e ainda da Relevação (Contabilidade). (o negrito é do autor e o sublinhado é meu)
A intenção de emitir este pensamento que explica e designa à contabilidade, na natureza única de informação e relevação, não sei constatar totalmente; é algo metafísico, porque não posso “ler a mente” de que fez tal terminologia em pleno século XXI(por ser absurda). É como disse Pascal (1623 – 1662) que existem coisas que a própria razão desconhece.
Porém, com absoluta certeza se fossemos colocar tal conceito da contabilidade em um peji, acredito que nem mesmo um Oxosse, ou qualquer outra entidade do candomblé conseguiria entender o porquê desta determinação.
Arrisco, no entanto, algumas causas: 1) se desconhece a contabilidade 2) subservilismo 3) corrupção intelectual 4) carência de conhecimento superior 5) confusão intelectiva 6) pesquisa superficial 7) erro 8) Sofisma 9) Maldade 10) patologia mental, como loucura ou coisa parecida.
Porém, destes motivos todos que citei, sem equívoco algum, a intenção de quem emitiu este conceito, foi atinente ao preparo sensível de uma idéia totalmente contraproducente, que oferece um escrutínio da forma, sem adentrar na essência do fato, por se manter nos paralogismos da vã filosofia e urdida incompetência cientifica, que apenas tresanda uma gnose e ataranta com prejuízo severos a sua pesquisa.
As provas desta mentalidade são diversas note quando digo que a contabilidade é um sistema de informação e esqueço do seu “sistema de conhecimentos” – palavras tão destacadas por Ricardo de Sá (1844 – 1912), o primeiro teórico de letras portuguesas – digo que ela é uma técnica que só informa. Então ela deixa de ser ciência, pois, como já disse reproduzindo Bachelard (1996), que o conhecimento é uma imagem da razão; a gnose é produzida pelo raciocínio. E que raciocínio existe na pratica consuedutinaria dos informes mecânicos e informatizados? Deve ser a tecla “Enter”.
É bom lembrar que no Direito, o teórico Kelsen (1881-1973) tentou reproduzir a sua ciência jurídica apenas em norma, ou seja, a letra da lei, ou sua informação; tal ideologia, todavia, é severamente criticada por vários cientistas, inclusive Paulo Nader (2002), que parece aceitar mais a teoria tridimensional de Miguel Reale*.
A informação é apenas uma forma que guarda a essência contábil: os fenômenos patrimoniais. Reduzir o arcabouço teórico e filosófico da contabilidade a uma visão irrealista das coisas com um caráter estapafúrdio, é o mesmo que fazer com que a inteligência artificial supere o homem, pensamento que nunca foi da simpatia de Casson (Apud – Herrmann Júnior 1972), quando dizia que nada substituiria o contador, nem mesmo as máquinas.
Contudo, a idéia de “ciência da informação” ainda existe e há de existir. A confusão da imagem com a coisa nunca foi nova. Na igreja católica apostólica romana, em seu início, uma heresia quebrava todas as imagens sacras, com o fundamento de que a representação era o objeto representado; então, nesta perspectiva, facilmente se podia fazer idolatria. Tal heresia se chamava “iconoclastia” (significa “quebra de ícones ou imagens”). O mesmo ocorre na contabilidade: a meu ver tal mentalidade de “ciência dos informes” confunde a imagem com o objeto; é uma heresia cientifica e deveria se fazer como se fez na santa igreja: providenciar um concilio para a ojeriza e anátema desta mesma concepção.
Sempre se ouve esta frase “A contabilidade é uma ciência da informação”, portanto, o que dizer da auditoria, perícia e análise? Também são informações? O laudo do perito é uma informação, mas, o conhecimento que o produziu é o que? Tudo que se pensa pode ser informado, mas, nem tudo o que se informa contém conhecimento contábil. Nem toda a informação do mundo conteria toda o conhecimento dos escritores, isto é uma verdade axiomática.
Não se deve, pois, dizer que o objeto é uma coisa e o objetivo outra, sem relação alguma; tal pensamento é um paralogismo. Ora uma coisa que não é a coisa acaba sendo o que? Uma ciência não pode ser instrumento do seu instrumento. Se algo luta contra si mesmo poderá subsistir? Um reino não luta contra si mesmo. É o que Paulo de Tarso (Apud – Paes 1968, p. 32) dizia: “um homem confirmado, ninguém o anula nem lhe acrescenta”, ou seja, ninguém o modifica; assim é na ciência: quando ela está confirmada, ninguém pode lhe tirar esta natureza superior, para que ela caia no desencanto.
Se pensássemos então que Plínio Caecilius Secundus (62-113 d.C.), conhecido como o jovem, apenas leu e produziu as informações contábeis, cairíamos num pertinaz engano. Plínio (Apud – Paes 1968, p. 37) não só prestou contas a Trajano como tomou decisões administrativas por meio da informação, pois, esta lhe servia como instrumento para o conhecimento contábil que possuía; ou seja, o mestre não apenas informou, mas procurou entender os informes, buscando a sua essência, e tentando disciplinar os fenômenos patrimoniais para a eficácia e prosperidade do patrimônio público romano, como assim fez.
Até mesmo a contabilidade gerencial está resumida nas informações, ou seja, falar desta especialidade contábil é o mesmo que fazer planilhas de custos, preços de vendas, orçamentos e alguns poucos quocientes (que tentam salvar o resto desta especialidade); a gerência nesta visão nada é mais que um dado, embora, seja importante, não chega aos pés da verdadeira contabilidade para a gerência. Para mim contabilidade gerencial trabalha diretamente com a análise, explicação e orientação em base dos informes diversos, e não o contrário, no qual se realiza esta atividade para objetivar os informes, e o processo racional virá uma “ferramenta”.
Dizer que a representação vale muito mais que a razão numa ciência é desprezar com entojo a cooperação imprescindível da “epistemologia genética”, disciplina que preconiza e analisa a inteligência e a mente do ser humano, criada por Piaget (1896 – 1980), o psicólogo da inteligência.
7. A contabilidade como processo e não como ciência
A economia aziendal como doutrina pregava a união de três ciências, a saber: a organização, que provia a ordem dos fatos e setores da empresa; a administração que gerenciava os fatos, e a contabilidade com o imputado posto de “relevação”, pois, para eles tal disciplina era isto e nada mais: um levantamento das existências ou riquezas de uma azienda formada.
A partir da década de 50 do século XX, tal mentalidade passou a cair em desuso, porque, existia uma parte mecânica na contabilidade que passou a ser apropriada por máquinas que auxiliavam o serviço contábil, como que, a pratica do contador.
O próprio Francisco D`auria (1953) -em sua obra sobre o seu cinqüentenário de profissão – chegou a dizer que três coisas marcavam a história da contabilidade quando em 1914, trabalhava na secretária da fazenda nos cálculos de valorização do café; e nada mais era do que as máquinas. Havia as seguintes marcas: Burroughs, de somar; Brunsviga, de calcular, e Underwood, de escrever. Tais tecnologias facilitavam o serviço do nobre contador.
E hoje, mas do que nunca, percebe-se que o uso de computadores facilitou qualitativamente o serviço contábil, inclusive, o mecânico que só almeja a produção da relevação. Com uma tecla se escolhe a espécie de relevação, selecionando-a, e em poucos segundos ela estará impressa. Isto é informação rápida e simples.
Os novos economistas aziendais, porém, dizem que a contabilidade é informação. Então é processo. Processo mecânico e informatizado não é conhecimento. É o que se chama “Inteligência artificial”, portanto, a contabilidade está acabada como ciência ou sabedoria; ela se finalizou na informática, ou melhor, ela “termina onde começa” a tecla do computador (é assim que comumente os neoaziendalistas dizem).
Está certo que os “fins justificam os meios” como dizia Maquiavel (1469- 1527), por isso, para justificar a “ciência da informação” que é a contabilidade, devem considerá-la como um processo alheio à razão, pois, tal método está absorvido pela informática – é como dizia Rubem Alves (1994), que “o conhecimento pertence ao corpo”, por estar na carne, como um vegetal automático; a “carne” da contabilidade é a informação computadorizada; a “alma” da mesma disciplina é a sabedoria ou sua ciência -; porém, é preciso ressaltar que nem toda finalidade é igual ao meio, porque se diferencia, o escopo com o instrumento que se vai utilizar na colimação.
Ou seja, o telégrafo sem fio de Marconi (1874 – 1937) é um instrumento para a comunicação e não se confunde com a inteligência do operador. Os raios-X de Rontgen (1845 – 1923) não poderiam ser organismos humanos e nem se mesclam com eles, porque são apenas instrumentos que servem para a representar os corpos nas suas diversas patologias (cito tais mestres, porque ambos já foram laureados pelo prêmio Nobel).
Se o instrumento é o mesmo que a finalidade de um conhecimento então, o giz era o próprio professor, da mesma maneira que o livro seria a própria sabedoria que nele contém. Instrumento não é o mesmo que conhecimento. Meio não é o mesmo que finalidade.
Além disso, deve-se enfatizar que uma coisa é um instrumento, e outra coisa é o conhecimento que o utiliza adequadamente. O próprio Platão (427 – 347 a.C.) dizia: “O fato de tomar nas mãos qualquer outro instrumento não fará de ninguém um artífice ou um atleta, nem será útil àquele que não tiver o conhecimento de cada arte nem obtido a prática suficiente…”7.
Portanto, para que se saiba utilizar instrumentos, necessário é que se tenha conhecimento teórico ou acumulado sobre o mesmo processo, ou então um “raciocínio filtrado”, mesmo quando se obtém conhecimento pela experiência mental e cotidiana.
O próprio pai da contabilidade brasileira, o saudoso Carlos de Carvalho (1973, p. 26) docente da escola de comercio Álvares Penteado, dizia que existia grande distância entre a arte empírica e o conhecimento contábil, entre o contador e o guarda-livros: “Contador, em resumo, é aquele que possui a teoria, é o que chega à prática depois de deduções científicas. Guarda-livros é o que chega à prática por meio da própria prática… ele é senhor de uma arte empírica”.
Aristóteles (384- 322 a.C.) dizia que um homem que não pensa no que faz é totalmente inútil; ou seja, não basta ter um instrumento irracional se não explica ou se medita sobre o mesmo. Dizia o mestre reproduzindo Hesíodo (O pai da “teogonia” que era um tipo de mitologia que explicava a criação do mundo):
Ótimo é aquele que de si mesmo conhece todas as coisas;
Bom, o que escuta os conselhos dos homens judiciosos.
Mas o que por si não pensa, nem acolhe a sabedoria alheia,
Esse é, em verdade, um homem inteiramente inútil.8
Portanto, é inútil o contador que apenas age pragmaticamente. A contabilidade também é inútil se é um processo, uma prática automática, que não carece de pensamento. O homem-contábil perde valor nesta visão que enclausura uma ciência no seu instrumento. A informação tal como hoje é produzida, renuncia a mente, mas, continua sendo totalmente vulnerável à análise que infelizmente, não poderá ser feita pela contabilidade, já que é uma “ciência da informação” e está muito fácil produzi-la.
Não adianta culpar o fisco e o governo; amanhã novas tecnologias surgirão para suprir esta miscelânea de cálculos.
Na fisiologia, ciência natural e humana, Pavlov (1849- 1936) dizia que o campo de observação estava ainda a ser explorado, na busca de leis que regem a atividade do organismo animal, que seria o objeto desta disciplina também experimental9.
Será que na contabilidade o campo para está abundante? Sim. Quando está deixar de ser imaginada como processo ou não – ciência (doxa), para se tornar realmente uma ciência com todos os seus direitos de ser, tal como qualquer outro ramo do saber superior (episteme) que sempre indagará sobre os fenômenos estáticos e dinâmicos que apresenta, oferecendo diagnósticos e terapias, tal como a medicina faz com um paciente.
8. Morte da contabilidade
Aristóteles (384 – 322 a.C.) dizia reproduzindo Hesíodo, que o homem que não pensa é inútil, então, quando se diz que a contabilidade é apenas relevação ela fica inútil porque subtrai toda a noção pura de entendimento pensante, própria da mente espiritual superior que em atitude elevada procura explicar pelas leis as razões dos fatos e acontecimentos.
Se reduzirem a contabilidade a um processo, ou medidas contabilísticas, avaliações do ativo, e normas – que ganham em ausência de qualidade, para exemplificar a de número 8, que trata de erros fundamentais, apesar de estar cheias de erros – ela está morta porque “termina onde começa” a informação.
Um processo absorvido pela informática, não elimina a ciência quando se reconhece a necessidade desta como propriedade distinta, agora quando se une o processo com a inteligência humana, acontece o “regresso” e para isto “não há desprezo que chegue” como dizia Niestzche (1844- 1900).
O próprio Masi (1971) já profetizando o que iria acontecer na contabilidade, chegou a afirmar que os processos mecânicos em nossa ciência iriam perder a qualidade, ou seja, não seriam mais contábeis, mas, ao alcance de todos aqueles que dominam as máquinas, porém, permaneceriam imortalmente os fenômenos patrimoniais.
Também Cosenza (2001), dizia que pelo fato de existir a internet, a informação seria de domínio comum a qualquer ser humano, com algum talento criativo, que soubesse manejar os instrumentos; aludia, o mestre então, para a era do conhecimento já que a informação se vulgarizou tornando-se trivial.
Veja também que o saudoso administrador Drucker (1974)- falecido há pouco tempo – em sua obra “Uma era de descontinuidade” já dizia que o sucesso empresarial ou científico seria aquele que saberia dominar a evolução do tempo e conseqüentemente conseguiria absorver todas as inovações.
Isto nada mais era do que aquilo que o próprio Darwin (1803 – 1883) pregava: que o homem em seu talento deveria se sustentar sobre todas as condições, para evolver e ultrapassar os seus limites nas épocas especificas. O homem é uma transmutação, um ser proteiforme que deve saber conviver e adaptar às ocasiões diversas.
Ora, até aquilo que Fayol (1965) dizia sobre a contabilidade – como orgão de visão das empresas – deveria ser pensado pelos que lhe atribuem a qualidade como técnica de informar e não como tecnologia e conhecimento.
Acredito, porém, que esta deficiência cultural está no mau uso da sensibilidade que faz perceber o fenômeno; é uma “iconoclastia” contábil que faz ver a imagem do objeto igual ao mesmo. A informação, adjetiva se torna igual ao seu sujeito e substantivo, a contabilidade.
Porém, quando existe uma ojeriza neste termo – pois, “no que concerne o ódio e precisamente ao sentimento de rancor é evidente que se pode fazer uma análise atenta10” como dizia Aristóteles (384 – 322 a.C.)- de ciência da informação, subentendido como próprio de uma gnose superior, porém morta, é preciso saber que isto vem de um senso comum.
O filosofo Wiliam James (1842-1910) pai do pragmatismo, dizia que o homem seguia nada mais que uma metafísica (Apud – Bachelard 1996) e na contabilidade eu poderia afirmar que os indivíduos que seguem esta filosofia, não seguem uma ou duas metafísicas, mas, três, quatro, meia dúzia – aqui escrita no sentido de quimera -porque camuflam até o “objeto” da contabilidade que é a informação.
Tais pessoas que atingem a ciência comum se retratam muito bem no dito conhecimento vulgar, falso, que é tratado como verdadeiro, como dizia o Zaratustra de Niestzche que jogava pragas e maldição neste tipo de atitude:
A vossa maldição, porém – imaculados que procurais o simples conhecimento!-, há de ser nunca chegardes a dar à luz, por muito avultados e prenhes que apareçais no horizonte. Na verdade, encheis a boca de palavras nobres, e havíamos de crer que o vosso coração transborda, embusteiros?11
Tais pessoas que pregam pontos de vista tão assombrosos possuem criteriosamente mais currículos do que eu (pois, muitos são até doutores), porém, deixam suas características com conspurcardoras marcas, quando dizem tão pouca coisa de um conhecimento tão vasto que surgiu ao mesmo tempo em que o homem na concepção de Hernandez (2000).
Mas, não. A contabilidade não é processo ou informação, ela é muito mais do que isto, ela explica os informes, tal como as demais ciências. Aquilo que Fayol (1965, p 26) reclamava na administração – a presença de doutrina-, já existe na contabilidade pelo neopatrimonialismo, neto de Masi (1893 – 1977) e filho de sua doutrina patrimonialista.
O professor Francisco D`auria (1962) já profetizava, monumentalmente sobre a nossa profissão quando dizia que existiria o consultor contábil, como resultado de uma conspícua e normal evolução. Na sua época ainda predominada a técnica sobre o saber teórico, porém, o mestre emitia tais concepções.
Também é escusável colocar a culpa somente no governo e no fisco. As hipótese e orientações feitas por Marques (2006) e por Smijtink (2006) (ilustre presidente do conselho do Paraná), propõem auxilio e alivio no término da incrível burocratização dos tributos diversos que temos a conta de calcular. É plausível a atitude dos colegas.
Ora, o contador do futuro é aquele realmente gerencial, que propõe orientação à administração, explicando os corretos, perspícuos e adequados modelos de comportamento, com o auxilio da relevação apurada obtida pelos manuais de informática e computação. A informação será um instrumento no porvir como sempre foi no pretérito.
Os métodos de relevação – e digo isto em tom forte e rigoroso-, passarão a não ser mais privilegio de nossa disciplina, pois, já estão absorvidos pelas máquinas. Os instrumentos de relevação poderão cair. O contador não fará a informação num futuro pouco distante. A relevação como privilegio da contabilidade deixará de existir.
Mas, um mosaico imenso de naipes fenomenais irá permanecer imutavelmente: os fenômenos de vendas, lucros, reservas, imobilizações financeiras, dívidas, circulação, giro, compra de estoques, aplicações financeiras, investimentos, gastos diferidos, integralização do capital social, prejuízo, despesas eventuais; como os fatos de capitalização, desvio do capital, definhamento, compatibilidade circulatória, liquidez estática e dinâmica, desequilíbrio, insolvabilidade, rentabilidade, operacionalidade, obsoletismo, produção, invulnerabilidade, aproveitamento, inalteração, paralisação dos investimentos, participação, absorção, lucratividade, anti-rotação da riqueza e outros. Estes sempre permanecerão, repito, ora, nos aspectos estáticos e dinâmicos com relatividade.
Repito e nunca me cansarei de repetir “interpretar estes fenômenos (patrimoniais) determinar os valores patrimoniais, sua transformação, seu consumo, estudar os investimentos e as provisões de fundos, a formação dos réditos, sua destinação e sua defesa, como a defesa do capital ou do patrimônio em geral, é e será sempre o problema central, o problema principal da contabilidade na empresa.”12
O espaço contábil de mercado futuro deixará de existir apenas para escriturários, mas, estará aberto, principalmente, para auditoria, perícia e análise – esta tecnologia que impreterivelmente almeja o escopo de nossa doutrina na prosperidade das células sociais.
O contador gerencial será não um “gestor da informação” mas, um “gestor do conhecimento” que acumulou em seu cérebro ou espírito – seja em concepção idealista ou materialista – na busca da padronização das leis da contabilidade. A informação será uma “preliminar e não resultado final” como dizia Einstein (Apud – Rohden 1987).
Portanto, o esforço malgrado e nefástico que tentava destruir a forma essencial e racional do fenômeno patrimonial, cotejando-o numa representação variada, própria para uma rapsódia atrabiliária e mal feita de sua natureza, terá o seu fim. Vai morrer não a contabilidade, mas, a sua mecânica que não será mais tecnologia sua, porém, “mais uma tecnologia”, e existirá sim, a consultoria na azienda comercial, industrial, pública, como matéria de grade curricular de universidades e faculdades do mundo todo.
Conclusão
O verdadeiro objeto da contabilidade como ciência nada mais é que o fenômeno patrimonial que ocorre na riqueza, ora transformando e provocando variação, produzindo também os estados de eficácia e ineficácia, de acordo com os comportamentos específicos, sendo que tal concepção é aquela que provém de uma verdade histórica e cultural.
Portanto, a contabilidade estuda os fatos patrimoniais, e, por meio de suas leis, procura discipliná-los corretamente nos ditames que ladeiam a eficácia e prosperidade patrimonial, tão própria para a atividade racional e intelectiva do homem contábil de cultura superior.
A contabilidade em seu gigantesco e quase infinito arcabouço régio teórico, não permitirá que seu vasto potencial se atenha na póstuma informação que apenas será uma preliminar para um resultado final, de toda a análise contábil obtida pelo estudo dos contínuos e grandiosos fenômenos patrimoniais nos seus aspectos sistemáticos de relatividade estática e dinâmica.
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SMIJTINK, Maurício Fernando Cunha. Estamos de olho nos impostos. Revista do Conselho Regional do Paraná, Paraná, PR, nº 144, 1º Quadrimestre, CRCPR, 2006.
VALLE, Francisco. As tendências positivas do Prof. Francisco D`auria. Revista Paulista de Contabilidade, São Paulo: SCSP, vº 51, nº 440, 1973.
VIANA, Cibilis da Rocha. Teoria Geral da Contabilidade. Volume I, 5. Ed., Porto Alegre: Livraria Sulina Editora, 1971.
1-ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Pietro Nassetti São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. P. 17.2- MAURIAC FRANÇOIS. O pensamento vivo de Pascal. Tradução de Sérgio Milliet. São Paulo: Livraria Martins, 1941. P. 25.3- PLATÃO. A república. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. P. 89. 4- KANT, Emmanuel. Crítica da Razão Pura. Tradução de J. Rodrigues de Mereje. Rio de Janeiro: Ed. Tecnoprint, sem data. P. 242.5- COMTE, Auguste. Discurso preliminar sobre o espírito positivo. Tradução de Renato Barbosa Rodrigues Pereira. Pesquisa realizada em http//www.culturabrasil.org pesquisa realizada em 20/11/2005. Cáp. I, n. 14. 6- PLATÃO. A república. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. P. 132 e 135.* Tal arguto já foi expresso pelo Dr. Alexander Broedel Lopes (2002) parafraseados por autores como Iudícibus, Martins e Carvalho (2005) no artigo “Contabilidade: Aspectos relevantes da epopéia de sua evolução” (tal trabalho consta na bibliografia); os doutores assim expressam na página 12: “Note-se que alguns autores, como Broedel Lopes (2002), consideram que o patrimônio não pode ser o tecido científico da Contabilidade, pois quem define patrimônio é a própria contabilidade.” Porém, na mesma página, um pouco antes, os autores apontaram uma outra afirmação contrária àquela que repassaram “…Assim, o objeto da Contabilidade, ou seja, o patrimônio e suas variações quantitativas e qualitativas, é a resposta ou a forma mais inteligente…”(o negrito é nosso) Portanto, nota-se que apesar de terem exposto a afirmação de Lopes (2002) eles discordam do mesmo ponto de vista. Masi (1968) também abordava sobre aqueles que não aceitavam a contabilidade como ciência do patrimônio, cita Domicinis (em seu artigo “ Su taluni concetti di ragioneria” na revista italiana de 1965) que escreve “ A contabilidade se deve ocupar necessariamente de fatos patrimoniais…e neste ponto, nota ele, concordo plenamente com Masi – não significa pois, dever admitir necessariamente que a Contabilidade constitui a ciência do patrimônio…” ( o negrito é do autor) (esta subscrição é semelhante a de Broedel); tal como cita Lampson(em sua obra “Principles de comptabilité economique” de 1950) que diz “ ela não é certamente uma ciência”; tais afirmações titubeiam o valor da qualidade contábil científica e põem em dúvida o cânon do seu objeto.* A teoria de Miguel Reale dizia que o fenômeno jurídico deveria ser observado em três dimensões: fato, valor e norma, aspectos que estão em profunda interação. 7- PLATÃO. A república. Tradução de Pietro Nassetti. São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. p. 62. 8- ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Pietro Nassetti São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. P. 20.9- PAVLOV, Ivan Petrovich. Reflexos Condicionados e Inibições. Versão de Dalcy Fontanive. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1972. O mestre assim dizia na página 37: “Sobre uma base puramente objetiva e biológica se esclarecem, portanto, as leis que regem a mais complexa atividade nervosa…” e complementa “… o essencial é que diante de nós estende-se um amplo horizonte de pesquisas…”. 10- ARISTOTELES. Retórica das Paixões. Prefácio Michel Meyer; Introdução, notas e tradução do grego de Isis Borges B. da Fonseca. Livros Clássicos.São Paulo: Livraria Martins Fontes, 2000. P. 27.11- NIESTZCHE, Friedrich. Assim Falou Zaratustra. Tradução Alex Martins.São Paulo: Ed. Martin Claret, 2005. p. 102. 12- Apud – VIANA, Cibilis da Rocha. Teoria Geral da Contabilidade. Volume I, 5. Ed., Porto Alegre: Livraria Sulina Editora, 1971. Esta transcrição é de Vincenzo Masi (1893-1977), pai do patrimonialismo.