A finalidade do conhecimento contábil

“O homem que somente redige contas, como se dá em algumas organizações administrativas, não é contador… O contador possui o saber, diga-se mesmo o gênio… ” J. P. Coffy (Apud – Carvalho 1973, Pág 26).

“ Não se deve confundir a contabilidade com a escrituração…”
Carlos de Carvalho (1973, Pág 25)

“Os fins da contabilidade dizem respeito à colaboração eficiente e constante que ela presta à administração econômica, no exercício de suas funções.”
Adaucto de Souza Castro, Domingos D`amore (1972, Pág 20)

“… Desde os tempos mais longínquos teve por objeto o patrimônio aziendal e por finalidade o seu cauteloso governo… Daqui a necessidade de estudar o patrimônio e os fenômenos que apresenta…”
Vincenzo Masi (1968, Pág, 33)

Resumo

A finalidade de uma ciência é requisito essencial para a sua existência e importância; da contabilidade foram emitidas muitas ilações sobre o seu objetivo comum, prevalecendo em alguns casos, uma forma impura, obscurecendo desta maneira, a sua real finalidade, contudo, um caráter principal se manteve em todas as explicitações, mesmo nas efêmeras e equivocas: que a finalidade do conhecimento contábil seria o estudo do patrimônio e seus fenômenos de modo a definir, coordenar e disciplinar o seu próspero comportamento.A contabilidade é um sistema de conhecimentos que estuda nas suas várias dimensões, os fenômenos patrimoniais, porém ainda muito se cogita sobre esta realidade, pondo em dúvida esta verdade já afiambrada pelos tutores modernos do conhecimento contábil. São de estranhar as concepções que definem a contabilidade no campo singelo da informação, como se a única utilidade desta fosse a escrituração no rol de suas aplicações cognitivas, excluindo deste modo, a auditoria, perícia e a análise contábil; no entanto, sem deslustrar as outras tecnologias, a análise contábil é o melhor caminho para se alcançar a finalidade do conhecimento contábil que é a obtenção da perfeita e racional elaboração da estrutura estática e dinâmica, alcançando um específico e ideal modelo de comportamento patrimonial.

1. O “pré-conceito” de contabilidade

Muitas foram as definições da contabilidade, e entre estas tantas, a primeira que se preocupou em ressaltar foi aquela que a conceituava como uma “Ciência de contas”, porque nunca prescindiu do registro para o alcance de sua finalidade. Transato diversas outras definições, muitas, que ligavam nossa disciplina a uma subordinação empírica e absurda com matérias correlatas, ela sempre teve um conceito correto, menos comum aos sentidos e à experiência de vários – por se tratar de um conceito puro, não proveniente da experiência – que na euforia de suas idéias asseguravam diversas designações a esta ciência da riqueza aziendal.

Muito se fala e escreve de contabilidade, seja das suas aplicações ou tarefas, contudo, quase sempre, se esquece da “Ciência Contábil” e muitas vezes em tais escritos, nem a palavra contabilidade aparece, e, se aparece, é como se esta estivesse a serviço dos seus instrumentos singelos, comuns e sempre presentes na história.

Em países da Europa, principalmente naquele que foi o berço da contabilidade (a Itália), nos artigos poucos que tive oportunidade de estudar, diversos são os aprofundamentos em nossa matéria, mas, ainda se fala na dita “Contabilidade Aziendal”; a “A Contabilidade da azienda comercial”; “O ramo de uma economia aziendal”; como se não já estivesse lastreado o conceito de “contabilidade patrimonial”. Nos demais países há ricas abordagens de contabilidade, mais também diversas destas, estão impregnadas de ecletismos doutrinários, devido ao sincretismo cientifico que se afigura como um mosaico de “idéias bailarinas” como já dizia Jaime Lopes de Amorim (Apud – Ferreira 1993).

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A sociedade em geral, principalmente as classes menos abastadas – até porque nem sempre estiveram com a oportunidade de obter o necessário pelo mandrião governo – liga freqüentemente nossa ciência à espécie de “arrecadação de impostos”; os demais setores da sociedade, da imprensa e das outras disciplinas, reconhecem exageradamente que nossa disciplina pertence ao ramo das “exatas” ou a define simplesmente (e como é simples) nossa matéria como a escrituração, ou seja, reduzindo-nos àquela figura cansada e atrabiliária do guarda-livros. Um dos maiores tratadistas da contabilidade do século passado, o professor Carlos de Carvalho (1973, Pág 26-27) já dizia: “Contador, em resumo, é aquele que possui a teoria, é o que chega à prática depois de deduções científicas. Guarda-livros é o que chega à prática por meio da própria prática… ele é senhor de uma arte empírica”. Tais palavras são importantes, para aclarar as dúvidas diversas que podem existir.

Apesar das incorretas definições – que acabam se tornando indefinidas – prepotentes, dos círculos sociais e das demais esferas do conhecimento, alguns que escrevem e ensinam as legras superiores, e dizem conhecer a “Ciência” contábil (e tal concepção entusiasta ainda é aplaudida em cenários importantes) querem reduzir a amada contabilidade ao patamar da ação informativa; dizer isto é reduzi-la à escrituração, Balanços e demonstrações. Falta muito pragmatismo no aceite desta conceituação.

Até mesmo nós, singelos acadêmicos, sentimos tal peso de escutar tais posições na prática. Nas freqüentes visitas às salas de aula, vemos palavras e epítetos à contabilidade que nem sequer se deveria mais dizer nem repetir da parte de alguns, que não querem nem mesmo definir a ciência contábil. E tal crítica aos professores de contabilidade já antes era expressa por Franco (1992) como congressista; com certeza, porque muitos encontram na contabilidade o meio especulativo e lucrativo, e não aquele afeto que como “Mãe” dispensa gratuitamente aos seus filhos. Muitos professores de cursos superiores repetem aquela “reza” decorada sobre a ciência contábil sem “orar” com a alma o que estariam dizendo.

Infelizmente, da parte de uma das mais importantes aziendas de nosso país: o governo sentimos tal indiferença pela contabilidade (e pelos contadores). O aumento de impostos e tributos, as diversas alterações na legislação tributária, nos cálculos, nas alíquotas, só nos leva a se trancar na sisudez dos escritórios, onde infatigavelmente “quebramos a cabeça” nos cálculos e operações tributárias para deixarmos nossas empresas “na linha” da malha fina das exigências governamentais; desta forma muitos de nossos colegas perdem seu tempo sem o ganharem na orientação das empresas e entidades no alcance da eficácia. Isto nos faz retornar e encarnar aquela figura de “coletor de impostos” como se afigura o nosso belo padroeiro “São Mateus”, figura simpática. Mas, o tempo de Mateus foi outro.

Afora dizer que os investimentos em pesquisas para nossa área, chegam aos números mais ínfimos do que se pode pensar existir, quem diz isso não sou eu, mas, Marion (2006) que declara os percentuais de investimentos em estudos na disciplina contábil não chegarem a 3% dos cem totais despendidos; e a maioria dos recursos está centralizada em São Paulo. A intelectualização de nossa profissão parece que se distancia do que seria necessário; é um desdém; está muito aquém do que se espera.

Além do mais, existem diversas concepções que não são da simpatia dos mais doutos, em fazer evoluir o estudo da mecânica contábil. Também existe um talento enorme só para as classificações do Ativo e do Passivo, como se a certeza científica oferecesse lacunas para as “brechas” do subjetivismo. Nepomuceno (2003) nunca simpatizou com tais posições.

Tudo isto só faz gritar aquela frase, semelhante a um epitáfio: “A contabilidade esta morta!”, “Morra Contabilidade!”. Todas as concepções que abordei anteriormente só fortalecem e condizem com este grito: “Morte à contabilidade!”, muito antes alertado por Vincenzo Masi (1969), porque se acutila tal disciplina com desrespeitosos golpes. Realmente, se Masi estivesse vivo, ele não gostaria nem um pouco da atual posição que designam a contabilidade (e já fez três décadas que o mestre faleceu).

Este conjunto amalgamado de idéias faz gerar na contabilidade um equivoco conceitual, ou seja, um “pré – conceito” da contabilidade (que pode ser entendido também sem o hífen se tornando um “preconceito”) em basicamente dois sentidos: o primeiro derivado de um equívoco, o segundo derivado de uma tentativa consciente ou inconsciente de ofender, com certeira vulgarização este conhecimento; ambos se relacionam com interdependência, o primeiro normalmente provém da carência de saber, o segundo provém da maldade nefástica, que tenta dissolver nossa ciência no tecido da fraude e da corrupção, para os atos ilícitos, fétidos, e negativos socialmente.

A finalidade de nosso conhecimento é uma só, e já antes foi confirmada por diversos autores como Carvalho, Herrmann Júnior, D`auria, Viana, Hernandez, Masi, Castro, Aloe, Valle, Amorim, Sá, Coffy, Villa e muitos outros; esta finalidade verdadeira que se deve perquirir, excluindo com veemência as soluções esdrúxulas dos que se dizem “doutos”, mas, na tentativa de aclarar, escurecem, elogiar, ofendem, religar, excomungam, o “cânon” ou o padrão do verdadeiro conceito finalistíco de nosso conhecimento; porém, no fracasso do empirismo, perdurou um real conceito da contabilidade, conquistando a verdade como ícone de uma bandeira, importante, para a prosperidade da nação, que provém de uma disciplina superior que é, e se chama contabilidade. A finalidade de nosso conhecimento existe e será externada nos ditames destes capítulos.

2. A prática da contabilidade no mundo atual

Com a modernização dos meios de comunicação – a informática, telemática, o rádio, a televisão –, com a superabundância da busca ou aspiração do capital, com as transformações diversas nos tráficos de mercadorias, com a expansão do dote patrimonial das sociedades, com os desafios do mercado internacional, a modernidade passaria a existir e o mundo não seria mais o mesmo, perante todas estas ascendências culturais e sociais; e tais influências afetariam a contabilidade.

A modernidade alterou algumas formas de se pensar e de fazer a contabilidade; no mundo contábil os ingressos de tecnologias e máquinas, aumentaram a comodidade do serviço profissional; a parte mecânica da escrituração e produção de Balanços poderia ser substituída em parte, pelos auxílios dos instrumentos eletrônicos – aquilo que Masi (1968, Pág 34) denominava de “cérebros eletrônicos”.

O modo de se fazer a contabilidade modificou, mas, a verdadeira contabilidade perdurou na sua essência de conhecimento, que norteava o “pensar” do contador, como excelente profissional.

Portanto, não poderia ser a mesma coisa, ou seja: a escrituração, os lançamentos, a mecânica de um balancete, a produção dos balanços e demais demonstrações contábeis não seriam a mesma coisa, a prestação de contas à sociedade, as estampas ao fisco em quaisquer esferas (municipal, estadual e federal) se modificaria para não ser da mesma maneira.Não seria o mesmo porque a tecnologia, a informática, modificava claramente a prática contábil.

A escrituração que predomina atualmente é a de primeira fórmula (um débito e um crédito); para se produzir excelentes balanços não é necessário seguir meia dúzias de passos e rotinas, agora basta fazer os lançamentos, e em tempo recorde com uma tecla se estará imprimindo qualquer tipo de informação contábil.

As estampas ao fisco agora estão sendo processadas via internet, ou seja, aquela rotina do registro de entrada e saída das notas fiscais, o imposto de renda, o inventário de estoques, a apuração do ICMS, e todos os demais tributos estão previamente sendo informados virtualmente. Muita coisa mudou na contabilidade ao menos naquilo que tange a sua forma informativa e muita coisa ainda há de mudar.

A mecânica da profissão contábil ficou por demais sufocada, até a domínio de leigos, ou de práticos que entram nas salas dos escritórios; se a contabilidade fosse o ato de informar e de escriturar já estaria acabada, morta, sem vida, porque o futuro trouxe muitas alterações; a modernidade alterou todo um panorama de visão presente apenas na prática do contador. A contabilidade se fosse um sistema de informação realmente seria permutada pelo computador. O que seria melhor o computador ou a mão do escriturador? O computador é claro. Seria a resposta de muitos, mas a contabilidade é um computador? Não. A contabilidade é muito mais que um simples sistema de informação e não se confunde com ele, porque lhe serve como instrumento. A informação que serve a contabilidade e não a contabilidade que serve a informação. Os meios de informática vieram para servir o nosso conhecimento.

Arrefeceu então, a prática, mas, sempre perdurou o conhecimento, ou melhor, o “sistema de conhecimentos” que faz ser a contabilidade o que realmente é. A contabilidade não foi substituída, a “Verdadeira contabilidade”, ou, a “Real contabilidade”, é que perdurou e existe até hoje com sua finalidade que nunca foi somente de informar, mas, ultrapassar este ato.

A verdade é que os grandes valores da contabilidade sempre estiveram presentes na história, como serão constatados no futuro; aliás, não existe um valor presente, descoberto recentemente, que não já esteja no passado, oculto, e que através das diversas transformações se revelou aos diversos olhos dos telespectadores; isto é uma realidade apoditica, afirmada pro Pascal (1623 – 1662) há mais ou menos quatro séculos atrás.

Portanto, nestes novos tempos em que a mecânica ultrapassou-se pela suntuosidade dos meios eletrônicos produzidos pelo próprio homem no auxilio do mesmo, em aspiração a economia de tempo e dinheiro, aquilo que seria instrumento da contabilidade se tornou ainda mais instrumento, e só perdurou essencialmente, aquilo que lhe seria uma verdadeira realidade, concernente à sua substancial finalidade.

No futuro, talvez não muito distante, a informação contábil não será produzida pelo contador – os novos sistemas de informática existirão em empresas evoluídas como já existem hoje – que será um consultor do patrimônio, ou melhor, um analista patrimonial que estudará a natureza dos investimentos, nas suas partes e valores, como também, os financiamentos diversos, nas suas formas estática e dinâmica; o futuro já está aqui e perdurará aquilo que sempre foi essencial e verdadeiro no conhecimento contábil.

3. As aplicações do conhecimento contábil

Como o conhecimento contábil foi influenciado pelas diversas transformações no mundo, seria lógico que as suas diversas aplicações seriam definidas; algumas com um sentido indireto, mas, também essencial perante a ciência contábil e a sua verdadeira finalidade. Isto só exigiu maior aprofundamento do conhecimento contábil.

O contador Benemérito das Américas, o professor Hilário Franco (1973, Pág 25), classificava as aplicações do conhecimento contábil, em:

Escrituração
Demonstrações Contábeis (Balanços e inventários)
Auditoria
Análise de Balanços

Contudo, como nos dias de hoje, as aplicações do conhecimento contábil se especificaram até no auxilio às outras áreas do conhecimento, e como a informática haveria de transformar os instrumentos informativos, a contabilidade teria hoje (o que pode se alterar positivamente com o tempo) as seguintes aplicações:

Informações contábeis (Escrituração e Demonstração)
Auditoria
Perícia
Análise Contábil (ou Patrimonial)

A antiga classificação exposta por Hilário Franco (1973), no que tange as demonstrações contábeis, distinguidas da escrituração, possuía antanhamente um critério para esta adequação, havia uma justificativa, porém, hoje se está escriturando, esta ao mesmo tempo, fazendo balanços; os balanços são um conjunto de lançamentos da escrituração em partida dobrada que não se faz mais em livros (hoje o contador não escritura mais e sim digita). Como um depende do outro para existir, no mundo da informática atual, podem ser equiparados a uma coisa só: As informações contábeis.

Se estiver fazendo a escritura dos fatos contábeis, o computador nos dá a demonstração e esta existe porque se escritura. Como defini-la atualmente? Seria somente escrituração ou demonstração? Como ambas correlacionam-se e se identificam seria melhor chamá-las de “Informações Contábeis”. Hoje apenas se escritura, e as demonstrações, já estão sendo produzidas pelo computador guiado pelo ente-humano, que às vezes, nem tem a cultura superior; a informação como instrumento está sendo produzida pela máquina e esta a produz “excluindo-a” da prerrogativa da atividade do contador, para ser agora do computador; amanhã nem o lançamento será feito pelo contador, porque os programas estarão tão evoluídos que ao se realizar o fato na empresa, o aparelho já fará o lançamento deixando a informação estática pronta para ser estudada (Existe agora a noticia de que a receita federal está providenciando um sistema de notas fiscais eletrônicas, para evitar a sonegação; tal critério com certeza já é um passo para á informatização de todos os fatos patrimoniais; tal recurso já está sendo implantado em alguns estados por algumas empresas). A informação contábil vai perdendo a sua prerrogativa contábil e no futuro não muito distante, será apenas um instrumento como sempre foi.

A auditoria, a perícia e a análise, não terão maquinas que a possam substituir, porque exige do intelecto humano para as realizar de maneira adequada; a auditoria necessita do auditor; a perícia necessita do perito; a análise por mais que existam alguns programas, ela está avançando, exigindo mais da mente cientifica do que da máquina computadorizada, então, a análise precisa do analista; agora a escrituração e demonstração, nem sempre precisa do contador para as realizar, basta que um leigo domine a “magia” do débito e do crédito (que pode ser aprendido facilmente com a teoria personalista, controlista, patrimonialista sobre as contas) para realizar os diversos lançamentos que apenas historia os fatos ou fenômenos patrimoniais.

O verdadeiro estudo essencial da contabilidade estará direcionado para o fenômeno patrimonial, a informação apenas retratará tal fenômeno, o estudo da contabilidade será então incansável e imprescindível aos olhos da sociedade e daqueles que pormenorizam o magnânimo conhecimento contábil. As formas de relevação irão se modificar e poderão até cair em nosso conhecimento e atividade profissional – agora quero fazer das palavras de Masi (1971, Pág 8) as minhas – “mas permanecem e permanecerão os fatos patrimoniais”.

4. Da auditoria e da perícia contábil

A auditoria é uma das aplicações do conhecimento contábil, que consiste em verificar, examinar, comprovar, criticar e aconselhar decisões que tangem à espécie e ao conteúdo de toda política interna da informação contábil, a fim de explorar e aperfeiçoar o controle interno e prevenir ou defeitos e falhas que podem existir, como que as fraudes que podem acontecer naquele ambiente empresarial.

Esta aplicação do conhecimento contábil já existia na suméria, na concepção de Sá (2005), pioneiro autor de obras de auditoria no país, e era realizada pelos “Pa-dub-dar” (tal como eram chamados os contadores da época). Nas civilizações clássicas da Grécia e Roma, Cosenza (2003) relata também a presença de grupos(de contadores é claro), e entres estes havia uma “banca” de auditores, que eram chamadas de “Os 30” ou “Os 30 contadores” que estudavam as contas públicas a fim de obterem por meio do adequado controle, a transparência do movimento patrimonial público.

Portanto, uma das aplicações do conhecimento contábil é a auditoria. A finalidade do conhecimento contábil também colima na política de informação procurando aperfeiçoa-la e submetê-la ao maior controle e critica; a opinião ou conclusão científica do contador auditor permite que os “retratos” patrimoniais (os balanços e outras demonstrações), como que, o controle interno, seja melhorado para atingir a maior exatidão possível e evitar a obscuridade ou possíveis corruptelas de todo seu processo. Posição semelhante encontramos na perícia.

A perícia contábil é uma outra aplicação do conhecimento contábil, que consiste, por meio de informações, investigar, concluir e responder os questionamentos realizados pelas partes e pela autoridade máxima: o juiz. A perícia obtém uma verdade focada em perguntas específicas e deve ser mais perfeita possível, no trato das respostas. A perícia contábil serve como prova, além do merecido respeito, tem total força de lei, segundo a qual as partes e o juiz não poderão tomar decisões nem súmulas sobre o assunto tratado que ultrapassa os ditames científicos de seus conhecimentos.

A finalidade do conhecimento contábil pode ser vista de uma maneira direta ou indireta. As aplicações do conhecimento contábil, figuradas na auditoria e na perícia são genuínas aplicações do conhecimento contábil, mas, nem sempre voltadas diretamente para a substancial finalidade de nosso conhecimento, porque tais aplicações possuem escopos complementares. Ambas aplicações provêm da atividade rotineira do contador, do seu entendimento teórico e daquela capacidade intelectual que se acumula pela experiência, mas, também, não quer dizer que deixam de ser tratadas de modo “puro”, apesar da sua destinação ser indireta quando ao grau de finalidade de nosso conhecimento.

O interessante é perceber que ambas tem como objeto o patrimônio – como realmente deveria ser, pois, são aplicações da contabilidade – e ambas utilizam as informações como instrumentos, para as posições intelectuais que emitem conclusões racionais na aspiração da máxima verdade, exigida e necessária no âmbito social. Até nessas aplicações se comprova muito bem que o valor real de contabilidade consiste em ser um “sistema de conhecimentos” que se dinamiza através do “sistema de informações”; tais aplicações são importantes para o nosso conhecimento apesar de não tangerem diretamente a finalidade do conhecimento contábil.

5. Da análise contábil

A análise contábil é aquela aplicação do conhecimento contábil que consiste em averiguar a sanidade ou estado patrimonial por meio de diversos métodos procurando decompor o seu complexo de riquezas em partes, para assim estudar melhor os fenômenos patrimoniais da estática e dinâmica. A análise contábil não resta dúvidas é o topo do conhecimento contábil (sem desmerecer as outras aplicações de nosso conhecimento).

O conteúdo da análise é totalmente racional quando na busca de quocientes se encontra a condição dos fatos; um quociente é uma relação, uma relação é uma razão, portanto, as razões de um objeto foram definidas já antanhamente por Aristóteles (384-322 a.C.) que as denominava de “ratio” ou “ratione” como disse Sá (2005, Pág 26).

Por meio das razões que conseguimos extrair o significado da informação e o comportamento do fenômeno patrimonial, então podemos também concluir a sanidade patrimonial; as relações podem ser feitas singularmente, ou seja, uma por uma; podem ser comparativas; podem ser relações correlativas que se busca dados e outras relações para se produzir ainda, uma outra relação; podem ser interativas quando se utiliza relações de relações; e podem ser uma identidade quando as relações se identificam entre si, esta última, é uma conquista do Neopatrimonialismo e do seu autor o Dr. Antonio Lopes de Sá (2005).

Averiguar, portanto, os efeitos das vendas, dos recebimentos de créditos, da contração de dívidas, da produtividade do imobilizado, da proporção do diferido, da parcela dos investimentos em ações; tal como entender os fatos de proteção contra o risco, elasticidade, equilíbrio financeiro, lucratividade, incompetência dinâmica são objetivos da análise contábil, que consegue afirmar, mensurar e atestar a sanidade do patrimonial, emitindo uma “receita médica”, tal como fazem estes profissionais com o corpo humano, pois, o patrimônio também é um organismo vivo no dizer de D`auria (Apud – Franco 1973, Pág 20) que merece consultas e terapêuticas:

“O patrimônio em ação é um corpo que vive para uma finalidade, com seus órgãos e funções perfeitamente definidos… Há uma vitalidade e uma patologia patrimonial… Avalia-se a vitalidade… procede-se ao diagnóstico para definir os sintomas – efeitos -, deduzem-se as causas e indicam-se as providências convenientes – terapêutica.”

Portanto, as relações são as razões entre dois componentes; as relações comparativas são o estudo de várias relações com um intuito comum; as relações correlativas são os cálculos de uma relação vários dados, percentuais e matemáticos procurando significados; as relações interativas são buscas de relações por meio de outras relações; as relações de identidade são aquelas com certa equivalência de sentido fenomenológico, a identidade busca um caráter comum entre duas ou mais relações; todas estas razões até o presente momento fazem parte do adequado arcabouço da análise na contabilidade.

Pela análise contábil conseguimos averiguar o comportamento dos fatos e fenômenos patrimoniais e através deste comportamento, podemos avaliar corretamente a sanidade patrimonial. Por isto a análise contábil, é o “topo” de nosso conhecimento: porque garante e promove a eficácia e prosperidade patrimonial pelas suas conclusões.

O nosso objeto é o patrimônio e por mais que existam outras aplicações – que apesar de não excluírem o objeto contábil, possuem outros objetivos – a análise contábil diretamente serve ao patrimônio e ao seu estado de prosperidade.

Somente a contabilidade pode estudar cientificamente, por meio da análise: os custos diretos e indiretos, a liquidez, a solvência do capital, os investimentos e financiamentos na suas respectivas formas, nos seus efeitos e natureza; as entradas e saídas financeiras, o giro do capital próprio, a rotação das dividas, a eficiência do imobilizado, a lucratividade e produtividade na sua contínua proteção contras os riscos; tudo isto utilizando os métodos estatísticos, matemáticos, lógicos, na forma de quocientes e extraquocientes, também no uso das relações ou ultra-relações, que exprimem os estados diversos, para assim conseguir o adequado modelo de comportamento patrimonial.

Destarte, as células sociais terão prosperidade e a comunidade será feliz com as riquezas; a sociedade se beneficiará e a nação será abundante no crescimento econômico; somente pelos adequados modelos de comportamentos patrimoniais ou comportamentos de fenômenos patrimoniais, que são as substâncias objetivas da razão contábil.

6. Uma pequena e breve pesquisa

Em meados do ano de 2003, ao ingressar na faculdade, já me sentia incomodado com o problema monográfico e desde aquela época me empenhei com modestos esforços, para verificar o que seria de maior importância para a contabilidade, com relação às questões delicadas, de modo a garantir que o trabalho oferecesse alguma utilidade ou alguma solução ao problema que se passava como ainda se passa na profissão contábil: a carência de devida e adequada orientação ao empresário para que ele tenha uma cautelosa, conveniente, oportuna e exemplar gestão do seu patrimônio.

Motivou-me as palavras de Sá (2001) em artigo publicado na insigne revista mineira de contabilidade, onde abordava sobre a função social do contabilista: se uma célula social é próspera a sociedade também o será, e a contabilidade propõe esta realidade nas células sociais ou aziendas que formam o organismo econômico.

Então, se o contador promove a eficácia do patrimônio ao seu alcance, com certeza, aquela sociedade sofrerá as benéficas influências desta eficácia, esta seria a causa de alavancamento das grandes nações: elas possuem grandes empresas e estas são responsáveis para tal sucesso.

Preocupava-me mais a situação de minha cidade: Raul Soares, onde notamos pouca diferença em seu progresso, o que me fazia pensar nos jovens desta cidade, como que, nos demais habitantes que buscam além de tranqüilidade, o necessário pão de cada dia, para si e suas famílias.

Minha preocupação foi social idealística, sem apego à lucratividade, ou qualquer outro motivo que possa “manchar” o sentido neutro de minha pesquisa. Se uma cidade não cresce bem, é porque suas empresas e entidades não estão bem; se Raul Soares cresce pouco é porque suas células sociais crescem pouco, e, se isto acontece, a causa (no ponto de vista contábil) está na orientação contábil, que se resume ao menos, na transmissão de singelas informações sobre o negócio (o que seria básico para a explicação do conhecimento contábil).

A finalidade do conhecimento contábil estava totalmente ligada ao meu projeto monográfico (aquele que iniciei durante os dois primeiros anos do curso); o contador não pode se ater na prática do escritório sem procurar assessorar com racionalidade os patrimônios de sua clientela; contabilidade não é escrita; o contador não pode agir diferente da contabilidade, pois, ela oferece meios para a qualidade de vida da população.

Se o contador explica e orienta o seu cliente, ele deve ao menos procurar lhe passar a informação, e quando isto acontece, a preocupação real é com a eficácia patrimonial; os informes são bases para o conhecimento, contudo, o que acontece quando nem sequer se nota a presença do repasse de informações para o empresário? Então a contabilidade fica escrava dos escritórios e não alcança a sua real finalidade.

Quando em diversos questionários, resumidos em três espécies de perguntas realizadas em 84 empresas do centro de Raul Soares, perguntei qual seria a importância do contador, da informação e da prestação de serviços que ele oferecia ao empresário, obtive as seguintes respostas, no que tange à finalidade e utilidade do serviço do contador (Veja anexo 1).

Anexo 1:

Tais respostas se somadas quando à natureza, resultariam num total de 53% centralizadas na escrita e apoio fiscal das empresas, enquanto as respostas que concernem ao movimento patrimonial, administração e orientações diversas geram o montante de 41%, ou seja, segundo a pesquisa, a importância e finalidade dos serviços contábeis repassados aos empresários, se limitam na escrita e no fisco, não absorvendo totalmente a função de orientação sobre o movimento patrimonial em auxilio administrativo.

Quando perguntei sobre a importância desse repasse na posição gestorial, ou na tomada de decisão, me admirei com a incrível surpresa, que se revelava no rosto dos empresários ao observarem que tinha falado uma palavra “nova” nunca encontrada em suas mentes, porque não estava em seus dicionários; então as respostas foram as seguintes (Veja anexo 2).

Anexo 2

Note o severo empate entre a resposta “nenhuma” e “Indefinida a importância” no que diz respeito à tomada de decisão ou orientação gerencial, realmente a finalidade do conhecimento contábil aplicada no campo estudado, parece ser uma utopia, e segundo meu ponto- de- vista esta é a causa de estagnação econômica de minha cidade, baseando-me nas locuções dos grandes mestres de nosso conhecimento. Talvez no potencial extremamente limitado de minhas forças poderei atenuar um pouco esta situação.

Resolvi mostrar alguns dados da pesquisa (claro que unificando as informações, pois, diversas foram as respostas com um sentido comum, porque a finalidade deste artigo também é didática) não para ofender ou criticar os colegas, muito menos para defender o orgulho de alguns, mas, para ostentar e provar que a finalidade do conhecimento contábil, no que se aplica em auditoria, perícia e principalmente análise, está um pouco distante de ser alcançada, na cidade pesquisada; assim a comunidade prospera muito pouco e a perspectiva de vida fica ínfima, naquilo convenientemente esperado.

A finalidade do conhecimento contábil não se resume na “escrita” e no “fisco”, mas, na orientação gestorial, para isto, deve-se no mínimo ter informações sobre os estados patrimoniais que devem ser estudados na ótica da estática e dinâmica patrimonial; nos fatos de eficácia e prosperidade da riqueza; quando isto ocorre a economia evolui, e quando ocorre o inverso, as células sociais definham e lutam para se manter, resultando assim na soberba morosidade do crescimento social.

Espero que tal pesquisa mesmo que seja uma intenção de auxílio aos colegas, possa ajudar ao menos na consciência dos profissionais que atuam em cidades de interior, para que possam atingir a verdadeira finalidade de nosso conhecimento e garantir a evolução de sua região, garantindo bem-estar a todos os convives que nelas residem, com margens exatas de riquezas.

7. Os modelos de comportamentos patrimoniais

Não existe outra característica mais autêntica e verdadeira do escopo da ciência contábil do que aquela concernente ao adequado e próspero modelo de comportamento patrimonial, que se concretiza através de uma perspícua e cautelosa administração patrimonial. O modelo de comportamento exigível e ideal para o específico capital do empreendimento se concretiza na verdadeira finalidade de nosso conhecimento.

Quando orientamos aos empresários a aumentarem seus giros de estoques, a manterem o controle do crédito cedido aos clientes, a contratarem dívidas necessárias com maiores prazos, a integralizarem maior quantia de capital, a não investirem demasiadamente em imobilizado, a gastar menos em energia elétrica, a providenciarem pesquisas de mercado, a realizarem aplicações, a realizarem reservas de caixa, a diminuírem o volume dos estoques estamos perquirindo a finalidade de nosso conhecimento.

À medida que constatamos que o capital possui boa dose financeira, alimentada por giros, por um grau de equilíbrio e de crescimento, estamos verificando o seu comportamento. A sanidade patrimonial é aquela que possui no mínimo uma boa movimentação financeira, lucrativa, proporcional e conseqüentemente vital para a manutenção do capital, agregada com um certo grau de prevenção, crescimento, aproveitamento e colaboração ao ente-humano e social, logicamente, tudo isto em um grau sustentável de constância e com uma dinâmica equivalente e específica, sem confronto com os diversos ambientes exógenos.

As aplicações do conhecimento contábil – que o leitor entenda bem – servem para atingir este escopo finalistíco: o de elaboração de modelos de comportamento patrimonial, mas, algumas vezes, ou melhor, sempre, teremos aplicações na obtenção deste objetivo e outras aplicações que se curvam a este objetivo indiretamente.

A finalidade do conhecimento contábil não é especificamente as aplicações, mas, as aplicações refletem e buscam a finalidade de nosso conhecimento que não é simplesmente contas e coleta de impostos, como era na época do nosso padroeiro São Mateus (naquela época a atividade do contador se restringia muita a esta arrecadação).

As aplicações do conhecimento contábil perquirem a sua finalidade, com detalhes, que, algumas dessas atingem esta finalidade diretamente e outras indiretamente – considerando as quatro aplicações do conhecimento contábil: as informações contábeis, a auditoria, perícia e análise contábil, utilizando e aceitando a informação contábil como instrumento; A auditoria buscaria uma critica no estudo da política interna da empresa, sua organização e a exatidão dos informes; a perícia buscaria a verdade, presente ou não na informação da riqueza patrimonial com um foco definido; a primeira (auditoria) utiliza e aconselha o melhor controle para a empresa e para a administração, a segunda (perícia) busca as respostas dos questionamentos feitas pelo juiz, ou pelas partes, ambas emitem laudos, ambas podem atender à legislação, ambas atingem o dever empresarial, mas, não diretamente formulam os modelos de comportamento patrimonial.

A perícia geralmente, não orienta a administração, não aborda se ela tem uma boa sanidade financeira, pode até servir e utilizar tais relações, cálculos e posições, mas, a perícia, atende á jurisdição. A auditoria, também, não busca saber se a estrutura patrimonial está correta, mas, sim, se o controle e política da informação são excelentes e atendem ao máximo grau de exatidão e clareza na renuncia de deformações. Ambas podem servir para um modelo de comportamento, mas, não diretamente, pois, isto fugiria à sua função específica.

Por sua vez a análise contábil persegue diretamente este fim porque ela busca aplicar a sabedoria contábil, no estudo dos investimentos e financiamentos, custos e receitas, por meio dos quocientes, identidades, “rationes” ou relações, através de métodos estatísticos e percentuais e também através do entendimento racional do contador que irá sugerir com bases nitidamente confiáveis, qual seria o modelo para este ou aquele fenômeno ou fato do patrimônio, como já defendia Masi (1968).

O autor brasileiro Frederico Herrmann Jr. (1972) dizia que o modelo de comportamento do capital de funcionamento seria realmente a finalidade de nosso conhecimento e todas as aplicações (principalmente a análise) aspiram a este fim: “Como ciência a contabilidade observa os fatos patrimoniais e lhes deduz as regras de comportamento em face das ações administrativas…”

Ou seja, somente a contabilidade como gnose atinge o fim comportamental patrimonial próspero que tanto almeja, por meio do estudo dos graus e qualidades de investimentos nas suas categorias, pelo estudo dos financiamentos nas suas mais diferentes formas, no estudo dos custos diretos, indiretos, fixos e variáveis, no rateio desses custos, como na sua racionalização; no estudo das receitas provenientes de perfeitas origens alimentadas pela operação da empresa; no estudo dos fatos de solvência, definhamento, equilíbrio, dinamismo e prosperidade; na perfeita análise e investigação da liquidez, resultabilidade, produtividade, invulnerabilidade, também na vitalidade; no estudo do futuro dessa riqueza obtido por meios racionais e lógicos; somente a contabilidade almeja tais aspectos de forma peculiar, através da aplicação analítica e inquirição adequada do patrimônio estático e dinâmico presente nas informações contábeis.

8. Da verdadeira função do contador e da verdadeira finalidade do conhecimento contábil

A função verdadeira do contador – aquela que prevaleceu durante os tempos desde as mais remotas épocas da história, quando o homem ainda tinha um longo caminho de evolução mental a percorrer – apesar de sempre escriturar e produzir evidências, foi a de estudar a riqueza patrimonial e analisar os seus fenômenos e fatos que ocorriam por causas diversas. O homem-contador sempre procurava ter meios empíricos e científicos para formular adequados modelos de comportamento da riqueza aziendal.

Por mais que o contador escriture, produza balanços nos dias de hoje, haverá um tempo que ele não irá produzi-los mais, nesta época a evolução da informática será tão grande que os balanços se produzirão automaticamente, isto quando a eletrônica estiver ligada aos fatos da empresa ou entidade, pois, assim que existir a venda, a máquina já produzirá o competente registro, calculando concomitamente as alíquotas de impostos e encargos sociais, integrando nesta maneira uma demonstração.

Haverá tempos em que nem o processo manual existirá, ou seja, pela voz os computadores agirão e em uma velocidade acima da normal farão qualquer ordem que a contração das cordas vocais ordenarem. O contador ficará aonde em todos estes processos computadorizados? Estará pensando; pensando no melhor comportamento, na melhor sanidade, no melhor estado de prosperidade do capital e orientando os seus gestores para estes fatos.

O contador nunca poderá ser substituído por nenhuma máquina, a máquina não substitui o homem; só porque algumas máquinas fazem plantas de engenharia, o engenheiro deixará de existir? Só porque a máquina realiza complicadas cirurgias o médico deixará de atuar? A resposta é não. Porque na vida, o espetáculo, e o criador do espetáculo, ainda é e sempre será o homem.

Na contabilidade acontecerá o mesmo, contudo, apesar das constantes transformações, o contador é impreterível quando em sua consciência e prática, não limita a sua atividade ao registro e prestações de contas. O contador que está alheio à mecânica de sua atividade, considerando que esta é apenas instrumento, nunca perderá mercado, seja qual a condição em que ele estiver.

O intelectual da contabilidade perdurará, ou seja: aquele contador que sabe que a sua ciência não é apenas escrituração, prática, mas, revisão, perícia, auditoria, estudo, análise, conclusão e definição; o contador do futuro será o intelectual, ou melhor, o profissional que já percebeu o verdadeiro sentido de sua profissão, por esta não se misturar com os cômputos, mas, utilizar destes para chegar no seu fim e objetivo.

A finalidade do conhecimento contábil, nunca foi a conta ou a escrituração – amanhã a conta não será produzida nem pelo contador – mas, sempre foi produzir os modelos de comportamentos patrimoniais, para uma administração cautelosa e eficaz; o profissional contábil deve atuar por meio da consultoria nas áreas de auditoria, perícia e análise contábil, e através desta última ele poderá produzir diretamente os verdadeiros modelos de comportamento do capital de funcionamento.

O futuro da contabilidade e do contador estará na explicação e interpretação dos fatos e na estruturação consciente dos adequados modelos de comportamento patrimonial, coisa que as máquinas nunca farão, e se o fizerem, nunca explicarão o que estarão fazendo, porque não possuem aquilo dado somente ao ser divino chamado homem: a teoria, a razão, a capacidade reflexiva, a criatividade, o “cogito” de Descartes (1596-1650), pois, não têm e nunca terão a alma, o espírito, que norteia tais luzes na mente humana.

9. Conclusão

As repugnantes tentativas esdrúxulas e ineficazes de reduzir a contabilidade a uma ciência da informação ou a uma prática vulgar, de acesso comum, depreciando esta mesma gnose, além de serem sujeitas a anátema, deveriam ser reconsideradas, pois, nada mais fazem do que proclamar a redução da contabilidade, como disciplina de nível superior.

A contabilidade aplica a sua sabedoria através da auditoria, perícia e análise contábil, utilizando as informações contábeis, tal como os cômputos, processos estatísticos e percentuais, como instrumentos a seu serviço, para que se alcance a sua verdadeira finalidade como conhecimento: definir com os meios cognitivos, o verdadeiro modelo de comportamento patrimonial, postergando as situações de insuficiência e definhamento, mas, almejando a eficácia e prosperidade patrimonial que é cantada como hino de louvor da contabilidade pelos seus contadores.

A verdadeira finalidade do conhecimento contábil, ao invés daquilo que pensam os “neocontistas” ou “contistas modernos” que querem deslustrar a ciência contábil transformando-a em uma técnica ou uma “pseudociência” que se atém apenas nas máquinas e nos cômputos, é produzir adequadamente, por meio do raciocínio, análise e estudo da riqueza, o verdadeiro modelo de comportamento, que persegue a eficácia, a prosperidade e a evolução das células sociais e conseqüentemente das nações diversas do mundo.

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