Dinâmica patrimonial: Movimento, velocidade e transformaçao

A riqueza é um complexo, importante, eficiente, que possui uma essência uma substancia, cujo devir, é alvo dos estudos contábeis de cunho superior.Em essência o patrimônio aziendal sempre está em movimento, não existe, pois, uma situação “parada” na riqueza organizada e sim uma situação estrutural momentânea que chamamos de estática.Os fenômenos pertencentes à dinâmica patrimonial foram alvo de estudos dos cientistas contábeis que em meados do século XIX e limiar, do século XX, contribuíram relevantemente para o arcabouço régio cultural da contabilidade.As informações contábeis, portanto, são apenas “fotos” do patrimônio em movimento, sendo que o verdadeiro estudo da ciência contábil almeja sinceramente os aspectos dinâmicos, referentes ao movimento, velocidade e transformação, latentes realmente nas informações contábeis produzidas em um determinado momento.

1.Introduçao

Na visão empírica que norteou, por muito tempo o espírito humano, deixando oculta a verdadeira capacidade de deixar organizado o pensamento da mente, o homem dificilmente perceberia a essência das coisas que utilizava, como que a substancia dos objetos que estavam a sua volta tão comuns à observação e indagação.

Uma verdade que sempre existiu, sem ser completamente expressa nas épocas especificas do empirismo, foi a de relatar que na natureza, tudo estava sujeito ao movimento e transformação, portanto, as coisas que atendem às necessidades humanas, que se chamam bens, na concepção de Franco (1961), também estariam sujeitas á esta lei, de continuação sucessiva, que no devir patrimonial é especialmente comum.

As verdades deste mundo se tornaram claras com o limiar da evolução humana, com o amadurecimento do intelecto que se embrenhou na meditação reflexiva das mesmas verdades.

Foi então, a partir do século V a.C., no período considerado pelos historiadores e pensadores, de clássico, que os filósofos já pregavam os aspectos do movimento, velocidade e transformação existente nos objetos deste mundo visível.Basta lembrar Aristóteles (384-322), que em suas obras pregava sobre um “motor inicial”, que fazia mover tudo aquilo que existe, suas obras influenciariam grandes pensadores da idade Média, que utilizariam as suas obras para proposta de razão e de fé, como o fez, Tomas de Aquino.

Era, portanto, o inicio de uma percepção dinâmica, não só referente a matéria existente no mundo, alvo dos estudos das ciências naturais,mas também aos objetos específicos dos ramos das ciências sociais, que estudam , conforme alusão de Comte(1798 – 1857), os fenômenos sociais que interferem na vida humana.

2. Estudos cientificos da dinâmica na contabilidade

Quando as funções dos poderes constituídos( quando abordo os poderes não me refiro à classificação, criada por Montesquieu no século XVIII, mas sim aos poderes emitidos pelas células sociais, ou seja, igreja, estado, comercio, bancos, etc) começavam a obter larga proporção de riqueza, a necessidade de controlar, este todo, com o intuito de debelar as carências humanas, com a eficácia, se tornava abundante.O conhecimento contábil que era utilizado de forma pragmática e normal nas ações consuedutinarias da sociedade, passou a ser ostentado com veemência nos escritos dos autores diversos.

Na idade media, no período considerado por Sá (1997), de literário (ou da literatura), escritos diversos são encontrados com a matéria contábil. O “liber Abaci” de Fibonacci, o “Della mercatura e Del mercante perfetto” de Cotrugli, a “suma de aritmética e geometria, proporcione e proporcionalidad” de Paciolo, todos elas expressando aspectos contábeis, especialmente, ao que concerne aos registros dos fenômenos contábeis.

Grande e farta foram as obras contábeis vinculadas à aritmética nesta época, obras que expressavam o caráter formal de nosso conhecimento: a informação. Mas as obras não se resumem nas ditas no parágrafo anterior, pois, nas igrejas ligadas a Roma (A igreja católica Apostólica Romana), seja em mosteiros, seja em lugares de recolhimento e oração, larga era a produção literária da contabilidade, nesta época e em meados. A produção literária deste período até hoje é alvo de estudos de pensadores e cientistas contábeis estrangeiros, dentre eles Carlos Antinori, Jorge Tua Pereda, Richard Mattessich, Esteban Hernandez e muitos outros (este último autor e amigo é presidente da Academia Norte Americana de Historia da Contabilidade, ou melhor, a “The Academy of Accounting Historians”, uma das mais importantes do mundo).

As obras desta época, embora limitadas nas informações contábeis, já expressavam o caráter dinâmico da escrituração, pois, esta só existe com o decorrer dos movimentos e acontecimentos patrimoniais que chamamos de fenômeno patrimonial.

Como disse, os poderes constituídos (Igreja, estado, comercio, instituições, etc), necessitavam de um controle apurado da movimentação da riqueza. Mas, a igreja como instrumento social, possuía maior relevância no mundo temporal. A escrituração passava a ser mais abundante nas instituições pertencente ao clero da Igreja Romana.

Não é a toa, que no século XVI, o frei Ângelo Pietra, praticava a escrituração e estudava o patrimônio de seu mosteiro comparando as suas informações no tempo. Os ensaios de Pietra já acenavam para o estudo do aspecto dinâmico da riqueza, visto que, este insigne autor cotejava as situações patrimoniais, porque, de certa forma, já sabia que o objeto contábil possuía movimento e transformação constante, nunca igual em tempos diferentes.

Contudo, critérios científicos da contabilidade ainda estavam, por caminhar já amparados em vasta literatura, como também, especialmente na inteligência de outros mestres do conhecimento.

No século XVII, o aspecto cientifico dinâmico, já havia sido ressaltado pelos pensadores das ciências naturais, como Galilei (1564-1642), em sua obra “De motus” (Do movimento), que já pregava sobre os movimentos dos corpos. Seus raciocínios sobre o movimento revolucionariam a historia do conhecimento.

O pai da química moderna Antoine Lourence Lavoisier (1743-1794), abordava sobre a transformação constante da matéria, quando criou a sua lei da conservação da matéria. Como cidadão cosmopolita, suas idéias, sua posição cientifica, foram surpreendentes, mas sua vida foi condenada, por ação dos poderes constituídos.

Os esforços abundantes de Issac Newton (1642-1727), merecem aplausos, quando ressaltaram os movimentos e velocidades sucessivas dos corpos, baseado também nos escritos de Galilei. No mundo da física a repercussão, que Newton haveria de proporcionar, perdura até os dias de hoje. Enfim, o aspecto da dinâmica já estava comprovado experimentalmente, pelos escritos dos grandes nomes do conhecimento cientifico, especialmente, aqueles volvidos para o estudo dos objetos naturais contido em um universo especifico.

A contabilidade, todavia, somente estudaria os aspectos dinâmicos, quando os seus pensadores, acordando do “sono” cognitivo, saíram dos processos exclusivos dos registros e elaboração de demonstrações, para buscar o significado das informações, pois, já se percebia que o objeto contábil, que também é constituído de matéria, pois, pertence a um universo, possuía um movimento, com uma velocidade especifica que produzia informações constantes.

Foi na França, ou melhor, na academia de ciências deste país, que Coffy (1836), pregou sobre o objeto contábil, já definindo como capital, veremos com atenção, um trecho de reprodução da inteligência, deste cientista frances, transmitidas por Pfaltzgraf (1956):

“Sendo dado um capital composto de maneira conhecida e destinado a ser sucessivamente empregado, em totalidade ou por partes, em diversos ramos, e a sofrer modificações na sua grandeza e na sua natureza por várias causas…”

A mentalidade de Coffy, já aduzia para a idéia de movimento e transformação do capital, coisa que até mesmo Karl Marx (1818-1883) pregava (apesar de criticar totalmente o sistema capitalista, este autor compreendia e reconhecia a dinâmica do capital, quando pregava sobre a sua “rotação”).

Na Itália Francesco Villa (1840) em sua obra “La contabilitá applicata alle administrazione private e publiche”, reproduzia também a idéia de dinâmica quando classificava a estrutura patrimonial pelo aspecto financeiro, ou seja, pelo aspecto de circulação, de tempo e velocidade na transformação de numerários (Do mesmo modo como fez a lei 6404/76, pois, os elementos que possuem a natureza de maior velocidade, estão classificados acima da estrutura, enquanto os elementos de dinâmica lenta estão classificados abaixo da estrutura, tal classificação é semelhante a de Villa, embora, não posso afirmar que o legislador conhecia o talento de Villa, ou ao menos tenha ouvido falar nele).

Daí então os estudos da riqueza foram concentrados no processo de dinâmica, aspecto ressaltado como imprescindível, por Vincenzo Masi, que definiu a autonomia e qualidade cientifica da contabilidade. Sobre o exame da dinâmica assim expressou Masi (Apud – Sá 1997):

“O exame do patrimônio sob o seu aspecto dinâmico, isto é, nos seus investimentos e financiamentos, tanto nas empresas como nas instituições, com a finalidade de indagar os princípios e as normas técnicas que os regem; e também os custos, as receitas, os réditos, entradas e saídas financeiras, conforme seja o caso de empresas ou instituições e, igualmente, todos os fatos estranhos ou fora da vontade da gestão, mas que através dela, compulsoriamente se manifestam.”

Tudo isto porque o aspecto dinâmico, sempre foi o mais importante que o estático, sendo que sem aquele nunca existiria este. Aliás, o aspecto dinâmico é comum nas outras ciências como nos referimos. Até mesmo nas ciências que tem como objeto a riqueza em outro ângulo de observação. Foi por este motivo que o economista e também contador; Cibilis da Rocha Viana (1978), produziu uma obra denominada “A dinâmica do desenvolvimento econômico”, cujo teor exprimia abertamente o processo de movimentação e atividade do sistema capitalista (este autor, inclusive, aduzia como causa da “vitória” desse sistema, a sua capacidade de transformar sucessivamente, pela produção, consumismo, avanços tecnológicos e científicos).

3. A visão dinâmica do patrimônio

Abordar sobre os estudos contábeis é estudar principalmente a dinâmica patrimonial. Somente através dela pode-se verificar a sanidade da atividade do patrimônio, com relação aquilo que foi esperado (obtendo bons lucros, boa capacidade de pagamento, bom fluxo giratório, etc).

O professor D`auria (Apud – Franco 1973), dizia, que o patrimônio deveria ser estudado, como se fosse um organismo vivo, com os seus órgãos e funções plenamente definidos. Este autor também dizia que os contadores deveriam se postar, como que se fossem verdadeiros médicos desse mesmo organismo auscultando suas ações, reações, provocadas por causas diversas, que atingiriam toda e qualquer dimensionalidade possível.

Quando a contabilidade ainda esta atada aos conceitos jurídicos, Giovanni Rossi (Apud – Sá 1997), fazia alusão ao patrimônio, como se este fosse um organismo vivo, com necessidades e funções. Além disso, Rossi projetava o aspecto dinâmico patrimonial, dizendo que o devir patrimonial seria como um ciclo onde tudo “começava nas necessidades e acabava na satisfação das mesmas”, como se fosse um processo todo perfeito.

Logicamente não podemos dispensar, em hipótese alguma os esforços de Masi em sua obra “Dinâmica Patrimoniale”, que tratava exclusivamente sobre a dinâmica do patrimônio, englobando vários aspectos inclusive os já citados anteriormente.

Para Masi a dinâmica do patrimônio moveria a sua estrutura que chamamos de Estática (Na realidade a estática é um produto da dinâmica, sendo que a estática para ser eficaz depende da mesma eficácia da dinâmica).

Contudo, os esforços e produtos gnosiológicos de todos os cientistas contábeis deveriam ser ajuntados por Sá (1992) em sua “Teoria Geral do conhecimento Contábil”, base do Neopatrimonialismo, doutrina contábil com recurso altamente epistemológico de alcance filosófico. O Neopatrimonialismo contábil seria então uma doutrina que buscou compilar todos os conhecimentos de Masi, D`auria, Rossi e muitos outros inclusive, os conhecimentos relativos à dinâmica, para assim buscar a verdade cientifica-filosofica de natureza transponivel no tempo e espaço.

O tratamento dado à Dinâmica patrimonial nunca foi tão veemente, ostensivo e holístico, como aquele ministrado pela doutrina Neopatrimonialista que fundiu as idéias biológicas-contábeis de D`auria, as necessidades e funções de Rossi, em um raciocínio seguro e totalmente empertigado.

Plausível e abrangente é o arcabouço Neopatrimonialista, na qualidade teórica de suas verdades sobre a dinâmica do patrimônio. Tanto é que o Neopatrimonialismo se baseia também em dois importantes axiomas (relatei “também” porque existem outras “verdades indiscutíveis” em nossa ciência):

Axioma do Movimento: Toda a riqueza se movimenta
Axioma da transformação: Ao gerar movimento toda riqueza se transforma.

Estes dois axiomas que darão os caminhos para caminhar os meus escritos, contudo, todavia, nestes dois axiomas existe embutido um terceiro axioma, que com ousadia reprodução expressamente:

Axioma da velocidade – Todo movimento da riqueza possui uma velocidade especifica, relativa a mesma capacidade da riqueza, em agir em um tempo determinado, concernente á vitalidade circulatória de cada sistema funcional, que existe no patrimônio das células sociais.

Tal axioma (pela primeira vez expresso separadamente, mas já embutido nos escritos de outros autores, não sendo, portanto, original de minha parte) é inerente ao axioma do movimento, pois, não existe movimento sem uma velocidade especifica (Pode-se ter um movimento moroso ou ágil). A velocidade é uma qualidade intrínseca do movimento da riqueza.

Portanto, a dinâmica patrimonial abrange o movimento que ocorre de forma sistemática, organizada. Tudo ocorre hereditariamente, como que, também de forma simultânea, autônoma e interdependente. O movimento é composto de elementos que trataremos detalhadamente em um subtítulo pertinente.

A dinâmica que engloba movimento deverá, obviamente, englobar uma velocidade, que seria alta em casos de agilidade, ou baixa em casos de morosidade. A velocidade é uma característica intrínseca do movimento.A dinâmica também engloba transformação, pois, todo o movimento uma vez gerado em velocidade especifica, causa uma transformação que conseqüentemente provocará uma metamorfose ou variação da riqueza.Portanto, de forma sucinta os aspectos da dinâmica que serão tratados neste artigo, abrange os aspectos de:

Movimento
Velocidade
Transformação
Será nestes tópicos que traçaremos as abordagens nos subtítulos posteriores.

4. O movimento

O movimento conceitualmente seria o estado animação de um corpo ou objeto especifico. Podemos considerar movimento como aquela qualidade dinâmica compreendida entre duas situações estáticas. O movimento é aquilo que envolve estados momentâneos isto é, estados de estáticas:

Ea1 ® Ea2 ® Ea3 ® Ea4 ® Ea5…

Aquilo que está ente as duas situações estáticas e transmite o estado de estática final é que se chama movimento. A relação de efeito de uma estática (Ea1) e outra subseqüente (Ea2), ou antecedente (poderia esta ser também chamada de Ea0) chama-se movimento.Claramente pode-se notar o movimento cotejando diversas informações contábeis (Veja Tabela 1 em anexo).

Podemos dizer, por exemplo, que o movimento do Balanço 1(Ea1) para o Balanço 2(Ea2), foi de $20.000,00, ou seja, a primeira situação foi de $ 100.000,00 e a segunda situação foi de $ 120.000,00, a diferença destas duas situações é o resultado de um movimento, que está nominalmente expresso nos Balanços. Os resultados expressos no todo são provocados pelos mesmos movimentos dos sistemas. Movimento na linguagem Neopatrimonialista é o mesmo que exercício ou função.

As funções são movimentos produzidos por e em sistemas específicos, permitindo situações estáticas diferentes, em períodos selecionados, para o estudo e analise. Os estados da substancia patrimonial em períodos singulares, são produtos dos sistemas de funções que funcionam, de forma interessante pelos seguintes elementos:

Necessidades – São as carências de algo essencial para o patrimônio.
Finalidade – São os objetivos racionais das necessidades essenciais existentes no patrimônio.
Meio – È a materialização do elemento, solicitada pelas necessidades. São os elementos reais que existem em uma riqueza organizada.
Função – É o movimento do meio que tende a satisfazer a necessidade que surgiu com finalidade especifica no ente – patrimonial.

Tudo isto ocorre de forma simultânea, autônoma, hereditária e interdependente ao mesmo tempo.De acordo com Sá (2005), os sistemas de funções patrimoniais se dividem em oito e visam satisfazer as necessidades especificas (estão retratados na tabela 2 em anexo).

Se perguntássemos como avaliaríamos a ação do organismo patrimonial, basta analisar as funções do patrimônio, pois, este realmente é o alvo principal de estudos de nosso conhecimento. Para alcançar o fito de nosso conhecimento, que é verificar a sanidade do patrimônio, basta observar o efeito das funções, que somente são eficazes quando satisfazem as necessidades que fizeram surgir as mesmas funções.

Medir e estudar a eficácia das funções, é a finalidade essencial de nosso conhecimento, primeiro analisamos o patrimônio, depois o interpretamos, para por último definir os modelos de comportamento, que seriam ideais, para o caso especifico estudado (cada patrimônio deverá ter um movimento aziendal derivado de um governo administrativo, que produzirá uma proporção final ao patrimônio. Tal proporção para ser eficaz deverá estar nos ditames dos comportamentos ideais dos tipos de empreendimentos e somente são ideais, quando orientados pela ciência contábil).

5. A velocidade

Entende-se por velocidade a característica da natureza de um movimento. Todo movimento possui um grau de agilidade que permite fluir em um tempo determinado. Quanto maior a velocidade melhor para o patrimônio, mas esta velocidade em muito depende da vitalidade circulatória de cada sistema. Sabe-se obviamente que as circulações são transformações da riqueza. Quando estas transformações ocorrem em movimento ágil, dizemos que o capital se renova rapidamente.

É pela circulação que medimos o grau de velocidade do movimento, como a transformação é um produto do movimento, quanto mais rápido é o movimento do capital, mais ele tende a se transformar substancialmente. Por isso medimos a velocidade do capital pelo mesmo grau de circulação (Por quantas vezes renova o capital).

Por este motivo, que na ciência contábil surgiu os conceitos, teoremas e teorias, em torno do capital de giro, expressão esta criada para demonstrar o potencial que o patrimônio possui, em se renovar sucessivamente. Quanto mais ágil for o capital em um período determinado, maior velocidade terá o seu movimento, ou as suas funções, que ocorrem em sistemas específicos atingindo as dimensionalidades existentes no complexo patrimonial.

A velocidade é, pois, uma característica da Dinâmica, presente no capital das empresas e patrimônio das entidades, medida pelo número de giros que o mesmo objeto transmite em um tempo especifico. Quanto mais gira o capital, mais rápido é o mesmo. Todo o capital gira e se renova, mas o que varia, contudo, é a velocidade em que o giro opera, como já disse Sá(1965).

No patrimônio constituído existem grupos cuja natureza é de renovar-se com mais velocidade que os outros. Tal grupo denomina-se massa circulante, que é composta de capital circulante e capital de crédito, tal parte é diferente da massa fixa, composta de capital imobilizado e capital próprio, contudo, tudo circula na riqueza, o que modifica é a velocidade em que a circulação opera.

O imobilizado de uma célula social, apesar de ser fixo ou permanente na empresa por vários períodos, ele possui uma velocidade que opera com condicionantes. Mas tal condicionante é de lentidão, ou seja, o seu movimento é moroso, até porque a sua tendência é servir por vários períodos à azienda. Contudo, ele não deixa de circular, constantemente, a todo momento, ele perde valores, acrescente fundos, produz elementos de condição circulatória, etc.

A condicionante de um imobilizado é diferente da condicionante dos estoques, porque enquanto este pertence a massa circulante, aquele pertence a massa fixa. Contudo, a natureza do bem nem sempre é condizente com a sua capacidade circulatória ou sua velocidade. O que me propõe a definir o seguinte enunciado:

“A natureza dinâmica dos elementos do complexo patrimonial dependem da velocidade do seu processo de circulação, Sendo que, o elemento mesmo estando convencionalmente em um grupo de condicionante especifica, ele pode apresentar uma condicionante discrepante, o que modifica a substancia do elemento. ”

Por exemplo, a empresa poderá ter um crédito que não se recebe no prazo convencional, tal crédito será provisionado, podendo, nunca ser recebido. Apesar deste crédito estar na massa circulante ele não possui a velocidade em seu movimento circulatório (pois, tal elemento não é recebido como deveria). Portanto, apesar de tal elemento estar na “natureza” circulante, a sua substância não circula com velocidade, pois, está “imobilizado”. Apesar de estar compreendido em um grupo especifico, a sua substancia é estranha a velocidade de tal grupo. A substância do elemento, que possui especifica classificação depende da sua funcionalidade.

Por este motivo que muitos imobilizados são classificados como bens de vendas (estoques), porque se destinam ás vendas, pois, a atividade desta azienda é produzir estes elementos, então eles se tornam circulantes. Mas nem todos os elementos de natureza circulante que estão “imobilizados” são classificados no grupo do capital fixo, até porque no Brasil escassa são as normas quanto a esta condição, visto que a lei 6404/76 pouco esclareceu sobre o fato.

A natureza do bem depende e muito da sua substancia de velocidade circulatória, sendo que é a capacidade circulatória, que transmite a utilidade do elemento. Toda a substancia patrimonial, produz uma natureza de velocidade circulatória.

6. A transformação

A transformação é o efeito do movimento, que ocorre com uma velocidade especifica. A transformação é uma outra etapa do estudo da dinâmica patrimonial, pois, nesta fase se vê o produto da velocidade do movimento. Quanto mais rápido se movimentar o patrimônio, maior será a sua transformação. Tal frase nos inspira a escrever um determinado enunciado lógico: “Quando mais rápido for o movimento do patrimônio, maior será a sua tendência a transformação”.

Quanto mais a riqueza tiver ocorrências de giros, progressos com vendas, produção, capitalização de recursos, maior será a sua tendência à prosperidade. Suponhamos, por exemplo, que uma empresa industrial possua os seguintes resultados analítico (Veja Tabela 3 e 4).

Podemos ver claramente que enquanto a produção aumenta, existe uma ascensão de giros, progressos nas vendas e aumento dos lucros, tudo isto está acontecendo constantemente. Esta soma de eficácias chama-se prosperidade e tal estado produz uma elasticidade na massa do capital. Quanto maior for a expressão de giros, produção e rendimentos em sintonia com a eficácia, maior será a prosperidade e transformação do capital em equivalência como o aumento da massa do mesmo (ou seja, elasticidade).Quanto mais se transforma o capital, mas ele tende a crescer (Isto logicamente no sentido positivo). A elasticidade do capital é, pois, um efeito da transformação dinâmica da massa do capital. Quanto mais prospero for o capital mais ele tende a transformar e a crescer, expressando assim a eficácia da dinâmica patrimonial.No fluir da riqueza existem fenômenos. São esses acontecimentos provindos dos ambientes, que provocam as transformações, que se tornam comuns no devir patrimonial. Com uma concepção modesta, conceitua as transformações em duas espécies:

Metamorfosicas – São transformações de elementos do complexo da riqueza, sem variação da massa, por serem permutas.

Variativas – São as transformações que alteram o capital provocando aumento ou diminuição da massa. Tais transformações são modificativas.

As transformações como dissemos é um produto, do movimento com velocidade especifica, que acontece no correto fluir dos acontecimentos, provindos de fatos originados de ambientes. Cada transformação provém de um fato (acontecimentos que geram movimentos, podem ser considerados, também como, sendo; investimentos e financiamentos), comum, no devir dinâmico patrimonial.

Por esta causa que Gino Zappa (Apud – Sá 2000), ao dividir as espécies de transformações, buscou tal seleção a partir dos fatos que geram a mesma transformação. Este autor dividiu os fatos em permutativos (que provocam permuta, e que na minha concepção são metamorfosicos), modificativos (que provocam variação) e mistos (que são uma mistura dos fatos permutativos e modificativos). Contudo, divergências e concepções próprias podem acabar existindo na doutrina e nas concepções cientificas (Se considerarmos as conceituações sobre os tipos de ciências derivadas de Bacon e Comte teríamos divergências de conteúdo).

Na dinâmica patrimonial, a transformação, constitui ser um efeito formal, que modifica de alguma forma a massa patrimonial (Se observamos tanto a permuta como os fatos variativos, provocam transformações na riqueza das células sociais). Como resultado da eficácia das funções sistemáticas do patrimônio, podemos considerar a transformação, que também ocorre em estados de prosperidade da massa patrimonial.

O patrimônio de uma empresa ou entidade, quando prospero, possue um grau muito satisfatório de movimento e velocidade, sendo que as transformações provocadas, por esta sadia dinâmica, tende a produzir mais e mais benefícios para a riqueza organizada. A elasticidade se torna então, um exercício comum, em um patrimônio prospero, por ter transformações adequadas e úteis, provindas de um mesmo processo sistemático de movimento e velocidade, aspectos integrantes de todo um processo de devir dinâmico patrimonial.

7. Estrutura estática e equilibrio

Quando a contabilidade estava sendo um ramo do saber autônomo com método e objeto de estudos próprios, a definição de conceitos foi primordial para inclinar os alvos de indagações. O patrimônio foi dividido então em aspectos de observação, como dissemos, sendo que estes aspectos foram definidos por Masi, pai da escola contábil patrimonialista, um destes aspectos foi ditado como o de Estática patrimonial.

A estática patrimonial, não seria completamente um estado do patrimônio, onde ele estivesse “parado”, não, para Masi a estática seria o estado estrutural que a riqueza apresentava em um dado momento, quando dimensionalisada pelas informações, por um processo dinâmico da riqueza (o aspecto dinâmico cientifico na contabilidade também foi ostentado por Masi como já disse).

A dinâmica, portanto, produziria a estática, não como ponto final de um processo, mas como dimensão momentânea expressa em formalidade informativa. Ou seja, o estático patrimonial nunca seria o fim de um devir patrimonial, mas simplesmente, uma representação do que aquela riqueza apresenta em sua composição em um dado momento. Por isso as informações contábeis são como “fotos” de um objeto em constante movimentação.

Nunca uma demonstração contábil, poderia mostrar o final de uma atividade (a não ser se for representante de um processo que culminará em liquidação) patrimonial. Não, ela apenas mostra o que a riqueza revela em todo o seu processo dinâmico em dado momento.

Os balanços, as demonstrações, planilhas, são apenas informações estáticas do patrimônio (ou seja, revelam a estrutura patrimonial em um dado momento). Alias, as informações contábeis, são todas mnemônicas, pois, quando produzidas, expressam situações passadas não equivalentes com a situação presente do patrimônio, muito menos, situações futuras (só por meio do conhecimento contábil que se poderia “prever” o que iria ocorrer ao patrimônio).

As situações estáticas revelam um objeto complexo em constante movimento. Por isso, o ato de informar o que se passa na estrutura de um complexo em constante movimentação é insuficiente, e constitui ser um ato muito simples, se não se explica, contundentemente, o que a constante movimentação trouxe de positivo e negativo, ao organismo aziendal, para com aquela mesma estrutura ostentada em uma informação. As demonstrações contábeis expressam o que um movimento constante transmite em um momento, são como na expressão, de Frederico Herrmann Júnior (1972), o resultado de uma “operação em marcha”, ou seja, lembranças cifradas de vidas e movimentação.

A estática patrimonial, em forma, expressa a situação momentânea informativa, mas quem estuda a estática em essência, estuda o equilíbrio de forças dinâmicas, que em processo de movimento, velocidade e transformação transmitem uma proporcionalidade estrutural especifica. Tal qual é a definição de Masi (Apud – Sá 1965) em sua obra estática patrimonial:

“Quem aborda sobre a estática patrimonial, aborda primeiramente a doutrina do equilíbrio dos valores referentes aos elementos patrimoniais… Não é, portanto, a estática uma expressão de imobilidade, de permanência, mas de equilíbrio de forças patrimoniais manifestados e mensurados pelos valores da substancia e contra-substancia”.

Neste pensamento que Sá (1965) defendeu a sua Tese, a chamada: “Teoria das proporções dos Componentes na promoção do Equilíbrio do Capital de Funcionamento e as Tendências Contemporâneas da pesquisa Cientifica na Contabilidade”. Editada pela fundação Getúlio Vargas, com o nome: “Teoria do Capital das empresas” (obra esta que possuo, inclusive, assinada pelo mestre).

Como resultado de pesquisas e comparações, o equilíbrio é provocado pela dinâmica patrimonial em um processo de constante funcionamento. O equilíbrio provém dos aspectos de movimento, velocidade e transformação patrimonial, de forma que a eficácia do equilíbrio só se obtém quando o movimento acontece em uma velocidade adequada, produzindo assim, as transformações exigidas pelas necessidades de prosperidade daquele tipo de empreendimento.

Quando se estuda na dinâmica, os fenômenos de: entradas e saídas financeiras, produção, estocagem, endividamento, giros, capitalização, custos, receitas e rédito, estamos estudando tudo aquilo que interage e engloba movimento, velocidade e transformação necessários para a eficácia da estrutura patrimonial.

O equilíbrio é um resultado do movimento das funções, da velocidade circulatória dos sistemas, e das transformações provocadas por estes mesmo elementos, de forma a se esboçar um todo, chamado dinâmica. A dinâmica é a emissão de forças, que emite a estática, tão ressaltada por Masi.

Contudo, a estrutura patrimonial que chamamos de estática patrimonial, pode aparentar “defeitos” quando não tiver atendido, totalmente a necessidade. Ou seja, quando a dinâmica é ineficaz os desequilíbrios aparecerão, mesmo quando aparentemente pelas informações o patrimônio não ostente este estado. De modo que cada tipo de empreendimento possui um tipo de dinâmica ideal, que quando não alcançada gera os problemas estruturais, que são problemas de proporção dos componentes do patrimônio.

Ou seja, cada espécie de empreendimento ou azienda, possui uma necessidade de movimento. Os processos sistemáticos de funções deverão agir com transformações substanciais, de forma, a provocar o equilíbrio.Quando uma azienda não possui o movimento com a velocidade especifica, não terá também, as transformações necessárias para a sobrevivência e para a prosperidade.

Os aspectos dinâmicos (aqueles que explicito neste artigo, ou seja, o movimento, velocidade, transformação), quando deficientes, insuficientes e inadequados, alcançarão insofismavelmente, uma estrutura defeituosa, que embora, na informação contábil, pareça se equivalente está essencialmente, cheia de “patologias proporcionais”, tão perniciosas à eficácia do patrimônio.

Por exemplo, uma padaria que não possui uma produção que não atenda aos clientes diariamente, colocando à disposição deles, os produtos alimentícios, necessários para a vida, dificilmente terá um movimento financeiro eficaz, pois, a sua atividade não condiz com a sua real necessidade.

Uma industria, também, deverá ter um movimento compatível, com sua produção, estocagem, vendas e lucros, para que não prejudique o seu processo dinâmico. Se a industria produzir mais que o necessário á velocidade das vendas, a sua tendência será ter um estoque prolixo, que prejudicará a estrutura do sistema financeiro.

É claro que não se pode, querer que o movimento de uma industria seja igual ao de uma padaria, também seria ilógica tal afirmação, mas também seria ilógico afirmar que ambas aziendas não se regem pelas leis da dinâmica contábil. Os estados estáticos de um banco, casa de comercio, joalheria, clube esportivo, são todos provocados pela dinâmica patrimonial.

Portanto, para que a estrutura seja eficaz ela deverá ser produzida com equivalência pela dinâmica patrimonial, em um processo que envolve, movimento, velocidade e transformação, todos em processo de interação, a fim de provocar a eficácia, elasticidade e prosperidade do ente patrimonial.

8. Conclusão

A dinâmica patrimonial como aspecto de estudos, responsável pela estrutura estática do mesmo patrimônio, possue facetas básicas, que se expressam em movimento, velocidade e transformação, fenômenos comuns, no constante devir do organismo patrimonial.

Como a estática é uma posição equivalente, de forças dinâmicas, a composição adequada da mesma estática, depende exclusivamente do processo dinâmico, produzido pelos ambientes e que quando eficaz transmite o tal almejado equilíbrio, fundamental, para a célula social.

Uma estrutura estática só é eficaz, quando alcançada pela pertinente, ideal e especifica, qualidade dos processos de movimentos, velocidade e transformação, que em ritmo de interação, conseguem produzir a eficácia, elasticidade e prosperidade do complexo patrimonial.

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Chaves da Silva Rodrigo Antonio. (2007, enero 16). Dinâmica patrimonial: Movimento, velocidade e transformaçao. Recuperado de https://www.gestiopolis.com/dinamica-patrimonial-movimento-velocidade-e-transformacao/
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